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18.11.07

A mesma.

É domingo ainda.
e são, 10 horas, como de costume.
E eu, eu ainda sou a mesma de tempos, dias, horas atrás.

A mesma, invariavelmente a mesma.
A mesma menina que continua quebrando copos e corações.
A mesma garota que espera ver a vida numa conversa vazia.
A mesma.

Nem muitas perspectivas nem nada.
A garota feliz de semanas atrás deu lugar a mesma.
A mesma que sonha com futuro e não faz nada com o seu presente.
Seus humores sarcásticos, seus medos.
Sua vontade de sumir pra nunca mais.
A mesma. A mesma garota, as mesmas vontades.

A mesma solidão, companheira de dias e noites.
As mesmas dores, no corpo e na alma.
O mesmo vazio, sabe, aquele vazio? voltou.
E há um pedaço de coisa branca sobre todas as coisas esperando pra ser preenchido com aquela coisa que ainda não sabe o que é.
As mesmas saudades, as mesmas vontades, as mesmas esperanças.

A mesma garota.
A mesma garota que agora sente tanta vontade sair correndo.
Que daria restinhos de felicidade perdidos por alguém que nem sabe quem é.
só pra sentir toda a felicidade do mundo caber num instante.
Mesmo que acabasse logo depois.

Só pra de repente não ser mais a mesma, ser outra e essa outra voaria por aí sem ser nada do que ela era e não gostava.

A mesma garota se cansou.
A mesma garota já não sabe mais o que fazer da sua vida.
A mesma garota,
já não quer ser mais só a mesma.

16.11.07

Sobre cafés trufados e términos.

" outro sentimento, que deve ter razão de ser.
nesse momento, mesmo sem querer.
O divertimento é não parecer com você."

Ás vezes eu queria, nem que fosse por un instante qualquer conseguir expressar fielmente tudo o que tenho vontade de dizer em texto. às vezes só um cantor que nem é dos bons consegue. Nessa noite, Jay Vaquer e sua música Campo Minado. Eu não sei, o problema todo não é nem saber como raios eu estou me sentindo ou coisa assim.
O problema é não querer falar sobre isso, agora.

É, como, se você tivesse entrado num café. E você tivesse certeza absoluta que gostava mesmo de café trufado. Porque, de alguma maneira, sempre te disseram que café trufado era a sua metade. Seus amigos todos te diziam que tinham tomado café trufado e nunca tinham visto nada que se parecesse tanto com você quanto aquilo.
Você vai, toma café trufado. Acha legal e tudo, mas desde o começo não vê seu encontro cósmico com o café trufado. Gostar é uma coisa, agora não é que voce queira café trufado pro resto da sua vida.
Mas todo mundo continua te dizendo o quanto você fica bem enquanto toma café trufado. Que ainda bem que você encontrou, que inventaram café trufado. E como faz bem pra você cafe trufado.
É, até faz mesmo, melhora o seu humor e tudo. Você se sente bem, tomando café trufado. Chega até a pensar que talvez eles estivessem certos. Você sempre esteve procurando por café trufado e não sabia. Talvez você quisesse mesmo café trufado pro resto da sua vida. E aí passaria manhãs, tardes, noites, tudo com café trufado.
Aí, um dia, alguma coisa no café desanda. Não, não foi no café, foi em você.
Você, num daqueles segundinhos de realidade que precedem aquela coisa que você nem sabe o que é, percebe que não está feliz com café trufado. E não é culpa do café. O café é bom e tudo. Tem um gosto legal, você até gosta de tomar. Mas enjoou. Não queria ter enjoado, jura que não queria. Se dependesse de você, continuaria tomando café trufado pro resto da vida. Mas não depende de você. E agora, por mais que você tente, vai achar alguma coisa estranha na cor, no cheiro, no gosto. Pode até pensar em tomar café trufado, um dia. Mas, não vai ser pra vida toda.
O que você precisa pra vida toda é um café que você ainda não provou o gosto.
Mas, não, não vai ser café trufado.
Queria que fosse, queria mesmo. Não vai ser.
Tem coisas que não se escolhem. São assim, como gostar de café.
Você não escolhe. Você gosta e pronto.

Ou não gosta.

Não, não é medo de ficar tomando um único café pro resto da vida. Isso é um sonho, um sonho antigo. E daria até alguns halls pra que fosse o café trufado que a acompanhasse durante toda a sua empreitada no planeta terra. Infelizmente, não vai ser.
Vai ter que sair procurando outro café, simples, trufado, com leite.
Algum outro café, que não seja nem muito amargo, nem muito doce.
Assim, na dose certa. Pra todos os cafés da tarde, da manhã, da noite, ao longo da vida.

assim, o café ideal. Não perfeito, ideal.

Na vida, definitivamente, a gente nem sempre escolhe os cafés que quer.
às vezes, a gente é escolhido.

E não adianta forçar. Café errado, dá úlcera.



Por enquanto?
Continuar Lígia.
Não é o mais colorido, mas é o que se apresenta para o momento.