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13.9.08

Enquanto a insônia não passa.

Quanto tempo você consegue encarar a tela do computador, antes de sentir sono?
Com quantas pessoas você queria falar, agora?
Porque eu não consigo dormir mais?

E eu fico pensando em tantas tantas tantas coisas, em planos frustrados de domingo de manhã, no enjoo que eu sinto ao comer pastel. Na verdade, eu não estava pensando em nada disso. Eu dormi ouvindo música hoje, sabe? A última coisa que eu me lembro de ter ouvido foi a mesma coisa que eu escrevi no texto anterior " se tu quiser que eu te leve, eu aprendo a dirigir." e na verdade a última coisa que eu ouvi foi " aqui onde eu não moro, não existo sem você." Não faz sentido.

O que eu na verdade estava pensando é subjetivo. Parei e pensei que, com que borracha você apaga o que eu senti? É sério, com o que? Em semanas você esquece milhões de eventos desagradáveis, " meu pai disse que o passado a gente esquece e que sempre arruma alguém novo pra amar" e eu fiquei pensando que o passado a gente esquece, mas quem apaga o que você sentiu? quem te substitui as horas que você perdeu chorando? quem te devolve o vazio, a dor? quem te recompensa em forma de sorrisos aquela noite perdida e chuvosa em que você se vestiu com mletom e shorts e ficou em casa enquanto a cidade inteira estava supostamente se divertindo? não faz sentido.

desculpas não fazem o mínimo sentido, perdão não faz o mínimo sentido, nada faz o mínimo sentido. Ninguém te devolve, o que você sentiu já sentiu e não há nada que ninguém possa fazer quanto a isso, desculpando, não desculpando, fingindo não ter acontecido, é tudo exatamente a mesma porcaria. Eu só estou escrevendo enquanto a insônia não passa, eu deveria estar dormindo mas não consigo. Minha cama é grande, tem alguma coisa que roda e os cobertores me incomodam. Tem alguma coisa em mim que me incomoda e dá dores perto da costela e bem dentro da alma.

tem alguma coisa em mim que não está em sintonia, não hoje, não agora e meu sábado chuvoso só precisa aparecer num domingo bonito, só pra que eu comece a viver a partir dali, porque o que eu já senti, ninguém recupera mais.

Eu nem sei o que eu quero dizer, e eu nem ia querer saber te explicar.
Eu não sei com quantas pessoas eu queria estar falando agora, e eu demorei uns vinte minutos pra consguir dormir de novo. Não consigo dormir porque alguma coisa em mim é maior do que o sono, mas meu pai me disse que o passado a gente esquece.

tudo bem, só não cresci o suficiente pra me acostumar com isso.
e eu não peço nada, eu só queria estar gritando agora, e acho que preciso de remédios ou de um manual de instruções.


Eu estou ficando com muito muito muito medo mesmo.


"protect me from what I want"

e com mais vêemencia ainda, de mim mesma. Deve ter alguma coisa a ver com aquela palavra de-cep-ção, mas eu só sinto, não sei te explicar. Quero me vomitar pra fora, fazer de novo, entende? Não, nao entende. Eu também não. Eu só olho no espelho e não reconheço isso daqui. Devia ser interessante, mas só é triste.

( linhas e linhas e linhas aleatórias, sem sentido, frases jogadas, eu precisava, nem que fosse só pra sentir sono de novo, boa noite.)

Sem julgamentos e sem perguntas, Is just how I fell (today).

"Só um muro de batom, e frases sem fim."

Nas noites chuvosas eu ouço constantemente o tique taque do relógio, no meu relógio digital. Há um minuto atrás era uma e seis e agora ainda são, algum dia você já teve noção do quanto sessenta segundos podem demorar pra passar? Você já teve noção, em contrapartida do quanto a sua vida passa rápido?
Estou tão cansada, eu te digo, e soa como se fosse banal, eu te digo isso pra todo mundo, todos os dias, o tempo todo. Eu estou sempre cansada. Eu estou sempre fazendo esforços e perdendo horas e horas inutilmente, eu nem me lembro quando foi a última vez que eu fiz algo por mim, tipo sentar na sacada e ouvir música. Eu não posso, eu simplesmente não posso. Se passam quinze minutos e eu volto, volto pro mesmo lugar e agora são uma e oito, parece que eu estou escrevendo à tanto tempo...
Isso se chama descontrole. Quando eu estou descontrolada eu não consigo escrever. Tudo sai sem nexo, e transparente demais. Não gosto, não gosto de ser transparente e definitivamente, não gosto disso.

Disso daqui, desse lugar, desse aperto que eu sinto e dessas lágrimas que eu estou soltando sem nem saber porquê. Eu também não sei usar porque direito, você sabia? Nunca sei quando usa separado ou junto, se alguém entender de português certamente vai me corrigir e então eu te pergunto o que importam os erros gramaticais nessa maldita noite de sábado? Choveu, a barra da minha calça está molhada e você pôde perceber como a vida é triste? Quem não teve uma relação estranha, alguém me perguntou, e alguém riu indagando, relação estranha, pontodeinterrogação. Todas as relações são estranhas, eu ia dizer, mas fiquei pensando que não valia a pena, eu sempre pareço tão descrente quando digo isso pra alguém, e eu não sou descrente. São justamente as pessoas que não são descrentes que tem relações estranhas. Se eu simplesmente não acreditasse em nada, não ia fazer a mínima diferença. Mas faz, sempre faz.

Se você para e olha, as pessoas estão decepcionando as outras o tempo todo. A vida é triste, só isso. As coisas acontecem e são tristes. E todo mundo está cheio de relações estranhas, você deve estar certa. A de todo mundo é, e eu só estou cansada de tudo, e das minhas estranhas coisas. Estou gostando menos ainda de mim. Você algum dia já se sentiu intrinsecamente ligado à alguma coisa como se aquilo fizesse parte de você? Isso sempre parece obrigação, depois de um tempo, mas toda vez aparece um tipo de pessoa que não consegue fugir das obrigações, e prazer eu estou aqui. Passe um batom, ou não e vá se divertir, faça alguma coisa por você. Desculpe, eu já não tenho o que. Já não tenho. Essas coisas já não fazem mais parte de mim tão intrinsecamente como se estivessem coladas, eu não consigo mais. Eu podia ter pegado aquele filme, se soubesse, mas não assistiria sossegada. Eu poderia tentar um livro, eu tentei uma música e não adianta nada. É uma e vinte agora e pra mim parece que faz meia hora que eu estou escrevendo essa bobagem. Queria ser subjetiva, usar uma metáfora bonita. Eu não sei, alguma coisa descompensou e eu estou vomitando palavras ao invés de comer chocolates. O mundo é ridículo e triste, não só quando você para pra pensar, mas o tempo todo.

Eu devia gritar, mas não, eu prefiro ficar quieta aqui, escrevendo. Eu devo gostar mesmo de machucar e de me machucar, além e acima de tudo. Abrir feridas, dizem que as pessoas que se suicidam viram funcionárias públicas no mundo dos mortos, isso definitivamente não é o que eu quero. Keep, keep going. Deve ser o slogan de alguma marca famosa, você percebeu que eu não estou fazendo sentido? que hipócrita, isso é até meio moderno. É. Que nem as minhas blusas listradas, calça xadrez e o bidê ou balde que eu postei no meu fotologuepontocom. Eu estou sempre seguindo as tendências, mas no fundo, tem alguma coisa normal aqui. I don't fit at all. E eu gosto de " se você quiser que eu te leve, eu aprendo a dirigir" acho bonito e coisa e tal. Mas hoje estou no repeat com duas músicas aqui, pra ver se alguma coisa entra.

Eu não entendo o mundo, queria. Queria ter a cabeça mais aberta, queri.. Não, eu não queria. Eu fico olhando com estranheza zilhões de coisas e acabo meio que me calando, eu devo ser fruto de uma educação tradicional e repressora pautada nos parâmetros da sociedade judaico-cristã. É, foi isso sim, mas eu gosto, sabe? Eu gostava de futebol também. E eu não consigo, não consigo além disso de roquiepop nacional, quer me explicar por favor quando é que você foi se perder?

Eu estou com medo, e devo parar antes de machucar. Eu não consigo, eu sou cruel. Sou cruel inclusive comigo, fazem só dez minutos, você sabia? Você tem noção de quanto os outros sessenta segundos que formaram duas horas e meia também demoraram pra passar, mas tudo bem, se tu quiser que eu te leve, eu aprendo a dirigir. Eu sabia machucar, agora só sei pedir desculpas e esquecer bem esquecidinho, tudo tudo tudo. E principalmente esquecer o hey, garota, faça algo por você. Entra por um ouvido e sai pelo outro, eu dizia que não, nunca ia acontecer, mas acho que desaprendi. Viver pra mim? Não sei mais. Acho que nunca soube, se eu for te ser aquilo que eu nunca sou: sin-ce-ra. Queria achar nobre, mas só acho triste. Tudo bem...

O mundo está cheio de relações estranhas.


" São todos iguais, o difícil é saber quem é clone de quem."