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28.11.08

da obrigatoriedade da necessidade da melancolia e sextas feiras.

Melancolias de sexta de madrugada.

Ei, já é sábado.

Tem pessoas curtindo em esquinas pela cidade. Há pequenos grupos de pessoas assistindo shows em bares alternativos. Deve haver uma garota bebendo pra esquecer de seus problemas. Deve haver aguém que saiu as oito e vai voltar as cinco da manhã fingindo aproveitar sua madrugada. Há um garoto sedento por amigos e saídas. Há a riculariedade da obrigatoriedade de não se estar, não aqui, não casa numa sexta feira à noite.

Desculpem, sempre fui muito depressiva pra isso. Acho tudo só muito vazio. E detesto a palavra " pessoal." Prefiro sair com aqueles que a gente pode chamar pelo nome, e sinceramente prefiro a solidão em casos como esse, em que a gente quer dar pause no universo até conseguir se resolver de fato. Nunca pensei que alguém pudesse pensar assim, que nem eu, em dar pause no universo e você pensou e eu te expliquei o que era, a cena toda. Foi quase a mesma coisa quando você disse que o que você sentia era vontade mandar o mundo calar a boca. Não nos parece óbvio que isso exista? Mas é abstrato, tão abstrato. às vezes acho que só a gente entende.

Eu sempre acabo assim. Há de haver pessoas se divertindo, ou supostamente se divertindo em algum lugar longe daqui, ou na esquina da minha casa e tudo que a gente consegue é isso, de estar aqui, conversando.
São apenas palavras. Palavras de uma madrugada em que eu tinha me prometido nem entrar aqui, nem nada, só dormir.

As coisas definitivamente acontecem por alguma razão que eu desconheço.

Eu podia dizer que eu queria voltar a confiar em todo mundo outra vez, mas é como eu já tinha escrito antes... eu nunca confiei em ninguém pra que pudesse tentar uma outra vez, então prefiro deixar como está porque parece o único jeito de existir e não é como se eu fizesse pra ofender. Não é como isso viesse de você para. É uma coisa que nasceu e existiu aqui dentro e eu não vejo possibilidades de uma mudança muito brusca. Justo eu que detesto as pessoas que não mudam e comportamentos arbirtrários.

No meio da minha madrugada ainda tem uns carros passando aqui e ali, e gente indo. As pessoas estão sempre indo, já percebeu? eu nunca sei se elas sabem mesmo onde vão chegar. Elas chegam, mas será que era ali mesmo que elas queriam estar? A obrigatoriedade da ridicularidade de existir como se deve, de se divertir. Eu não sei, eu nem estou indo, sabe? Eu podia parar e tentar chamar o pessoal pra sair e só voltar as seis da manhã, quem sabe, esquecer, dormir e nem nada. Mas sabe, eu não tenho um pessoal, nem gente com apelido nem nada. Eu tenho vocês que eu chamo pelo nome e que, cara - expressão contemporânea que denota algo que vem mesmo de dentro - não sei mais viver sem.

Vocês que se cruzam sempre, porque eu fiz questão que se juntassem pra que continuassem perto, vocês que surpreendem a todo tempo, pensando o que eu penso, ou simplesmente gostando mais de mim do que eu imaginaria que. o que fica com ponto mesmo, não sei o que escrever depois disso, não quero ser sentimental.
Não sei ser sentimental, mas eu sinto e vocês sabem.

Deve ter alguém que se diverte mais que a gente, que saiu as oito e vai voltar as seis. Que aproveitou a noite e que está feliz e bem alto, drugs and alcohol, ou simplesmente a ridicularidade do estar feliz e curtindo só pra fingir que você não é, ali no meio dessas pessoas que só sabem de você seu nome e umas coisas que voce contou porque todo mundo pergunta como sua faculdade a sua idade e a sua religião e se você tem ou não namorado(a), uma alma solitária e ridiculamente superficial. sozinho, porque ninguém nem te conhece além das roupas que você veste e das coisas que você conta. O mundo está sedento de gente que te conhece pelo olhar, mas é melhor nem ver mesmo.

Nem ver que o dia que você precisar eles vão dizer que eu-não-posso-mas-a-gente-marca-outro-dia-valeu? E ninguém entendeu a obrigatoriedade da necessidade da ridicularidade de todo mundo precisar de alguém que saiba mais do que as coisas que você conta pra ele, ou contaria pra um estranho qualquer que conheceu ontem, ali, junto com eles enquanto tomava uma cerveja. Que você precisava ali, aquele dia, uma presença só. Porque existir precisa de companhia, por mais que você viva repetindo que não.

A Ridicularidade da obrigatoriedade de ser falsamente feliz me enoja e há tanta superficialidade, você não perecebe?

Estão todos andando rumo a lugar nenhum, chegando e ficando e indo embora sozinhos completamente com eles mesmos e seus fantasmas que nunca vão descobrir, porque estão muito ocupados tentando ser felizes a qualquer custo.

A minha obrigatoriedade consta com as pessoas que eu conto nos dedos, em dias não determinados e hoje eu estou sozinha depois de conversas sobre pausar o mundo e por mais depressivos que a gente pareça, os iguais se reconhecem entre si.
Agora eu estou sozinha, num silêncio total, eu nunca estive tão deslocada, tão estranha, tão ridícula e tão miserável. Mas nunca estive tão confortavel como.

A melancolia das sextas feiras a noite continuarão a existir e eu até poderia dizer que eu queria me divertir mais nas sextas a noite, mas como eu nunca acreditei em diversão desse jeito eu esqueço o mais e fico com o que eu tenho porque parece o único jeito de existir, e ainda bem.

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