8.6.09
Das sensaçoes
Da absurda agonia de existir papel e caneta, mas faltarem as palavras. Da inquieta sensação de respirar e existir, mas faltar a vida. Da estranha frustração de ser o malfeito entre caio e clarice e odiar esse existencialismo barato, sem bebida, sem cigarro, engolido à seco, clichê por clichê, como se saboreasse belos doces, que na verdade são feitos de fel. Das sensações misturadas da necessidade de proteção a quem não precisa e das agonias de gostar demais a ponto de nunca nunca conseguir deixar. Da inquietação perene vinda do vício estranho por cafeína. Das saudades suicidas de tudo aquilo que já foi e nunca mais vai ser, mas poderia. Da tristeza ocasional de saber que nunca será tudo aquilo que desejastes, mesmo que tentes com toda a alma e deseje de todo o seu coração. Do aperto na alma de não ser aquilo que o modelo perfeito de você queria que você fosse. Das horríveis dores de cabeça pelas noites mal dormidas. Do frio inquietante que gela ossos e alma do acordar cedo para honrar aquilo que não considera importante. Dos buracos abertos dos amores que são perdidos ano a ano, mês a mês, durante toda a vida. Da esperança bandida de encontrar um lugar só seu e ser feliz feliz feliz feliz. Do vício suicida de ser feliz com aquilo que lhe faz mal, e do que te faz mal te fazer sorrir teu sorriso mais sincero. Da certeza de saber que não casarás com o amor da sua vida, porque ele já se foi. Do enjôo matinal por ser essencialmente romântica nos dedos, e seca como uma esponja na vida. Do pesar de perder todas as pessoas que um dia amou, algum dia, ainda que longínquo. Da absurda agonia de existir e ser, e continuar vivo. Estou.
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Um comentário:
e tudo ganha mais sentido quando sentido.
talvez aí resida a graça do estar vivo.
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