( e distâncias.)
Se me disessem a cinco anos atrás que eu estaria levando a vida que estou vivendo hoje, juro que não teria como conceber. seria de rir e gritar que era mentira, porque hpa cinco anos atrás minha cabeça não se parecia em nada com essa e meus sonhos eram outros. Sempre se sonha com coisas grandiosas e estranhas quando se tem quatorze ou quinze anos, porque com quatorze ou quinze anos o mundo nem cabe dentro da gente. O meu não cabia, e eu queria abraçar tudo, e tudo ao mesmo tempo. agora. Foi assim anos a frente até uns dois anos atrás quando sosseguei.
Eu não existo mais. Algumas pessoas vivem dizendo que eu mudei, eu sorrio e digo, ora, mas mudastes também, todo mundo muda um dia. quando a gente é jovenzinho demais, tudo que a gente quer é ser de extremos. eu era. das músicas aos olhos pretos e aos all-stares sujos e furados, sempre fui de extremos. podemos dizer que ainda sou e tudo seria assim, a gente não muda nunca. mas muda sim.
hoje ouço outras músicas, estou cercada de outras gentes, me visto de outro jeito. tenho listas de livros que li e lista de livros pra ler. perdi minha concentração e minha vontade de abraçar o mundo. e aí você me pergunta como? e eu digo que meu mundo diminuiu. meu mundo agora não espera ir pra inglaterra, conhecer o mundo todo e ser complemente independente. sabe; ser independente é tantas vezes ser sozinha, e isso de solidão já não comina mais comigo. já combinou. hoje não sei mais ser auto-suficiente e preciso de alguem pra deitar junto comigo, pra segurar a minha mão, pra dizer que tudo vai estar bem. Meu mundo diminuiu porque hoje eu sepero muito mais felicidades pequenas do que grandes. felicidade é coisa pequena. é ter minha casa, ali, decoradinha, é casar e ter dois filhos. é ter meu emprego, e fazer o que eu gosto. pra ser feliz a gente não precisa ser grande. a gente só precisa de um mundo que caiba dentro da gente, que caiba direitinho, que caiba.
Sempre vou gostar disso que a gente é em essencia. é isso que vai sempre me encantar. é aquilo que a gente vai sempre poder enxergar nos olhos dos outros, mesmo que se passem anos e cabelos branqueiem e que as roupas todas mudem, e os gostos por músicas, e escritores, e cores, sabores, tudo isso. tem coisas em mim que eu sei que não morrerão jamais. e é isso que eu sempre vou amar. gostos são gostos, mas ser é maior que isso. gostos mudam, mas o que a gente é, o que faz a gente ser, permanece. tudo tão clichê.
Estou tão feitas de distâncias que se eu pudesse contar eu nem consegueria. Todas essas mudanças criam afastamentos incriveis, grandes, do tamanho de abismos. tem gente que nem volta mais pra gente. tem dia que a gente acorda e pensa que podia estar todo mundo junto, reunido, porque a gente tinha que estar juntos sempre. mas todo mundo muda um pouco, e aquilo que juntava as afinidades não sobram mais. não é culpa de ninguém, só acontece. dói. mas aí sobram as saudades, que é pra gente lembrar sempre.
Nós estamos falando é de mudanças, de distências de coisas que acontecem na vida de todo mundo.De coisas que não são poéticas, nem bonitas e nem dão um texto bom, mas que são. E que a gente precisa relembrar, de vez em quando, porque tudo muda, até meu jeito de me contar. às vezes. Só às vezes.
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