(pequena ode da coisa de sempre que não é embalada por lulu santos).
Então sento no meu computador munida de um chá com canela. Chá de maçã com canela, mas maçãs não dão gosto em chá, exceto nos chás artificiais com aroma artificial de maçã, mas não sou adepta de coisas tão artificiais assim, você sabe. E aí na playlist do meu programa de músicas tocam músicas que me lembram você e o gilberto gil canta quem-poderá-fazer-aquele-amor-morrer-se-o-amor-é-como-um-grão. E eu nem sei se acredito em amores que morrem e nascem trigo e vivem e nascem pão, ou o contrário, alguma coisa assim, embora quem sempre troque as letras de música seja você, de um jeito sempre engraçado.
Mas então te digo que eu queria te falar vinte cinco mil coisas, mas na verdade sei que não vou dizer nada e por isso como chocolates atrás de chocolates, todos os dias. e a grande verdade é, que mesmo se eu comesse todos os chocolates do mundo pra sempre eu ainda não saberia o que te dizer exatamente, embora eu saiba bem o que eu queria te dizer se pudesse. E faz dois anos já. Que eu queria te dizer coisas. Desde que você começou a aparecer na minha casa, com suas roupas mal cortadas e que a gente conversava, ou não conversava, mas a grande verdade é que eu sempre gostei de você. desde a primeira vez. Eu não sei muito bem, e eu ouvi em alguma peça, algum dia, que isso é o que chamam de atração inevitável, mas eu nem sei se acredito nessas coisas.
A gente pode chamar de a grande afinidade, se você quiser. A gente pode chamar de qualquer coisa, na verdade. Porque na verdade isso que a gente é nunca teve nome, mas eu um dia disse pra um amigo meu que a gente só ama quem admira e eu te admiro pra cacete, é verdade, embora nunca tenha te dito isso e nem saiba se um dia vou dizer.
Então um dia te sento na cadeira na frente da minha e tento vestir minha melhor roupa, mas meu cabelo estraga toda a conjunção de pessoa bem ajeitada que eu queria ser, e na verdade eu nem sei se você repara nessas coisas. repara? sempre te achei tão visual que eu acho que repara, então eu me policio bastante pra não sumir no meio dos meninos e ser mais uma pessoa que você chama de cara, embora eu também goste quando você me trata assim, e a gente age como crianças de colegial se dando soquinhos, porque eu pareço muito com a garota de treze anos que gostava de um menino que não gostava dela, mas os astros conspiraram para que fizessem aniversário no mesmo dia e isso criasse algum tipo de proximidade louca. Isso e o fato dela ter decorado os cento e cinquenta pokemons e lhe presentear com um pikachu, certo dia. E então lembra também que ela poderia ser a garota mais compreensiva de todo o universo quando gosta de alguém, e então se doou por inteiro um dia e todos os outros dias, até que um dia voltou pra casa feliz porque passaram o dia todo de mãos dadas enquanto ele dizia "ei, vem por aqui" e cuidava dela sem perceber. Mas aquilo não significou nada, assim, em histórias normais, porque não houve beijo, ou namoro, ou qualquer coisa que pudesse qualificar o momento como relacionamento, só que mal sabem as pessoas que bonito mesmo são esses amores que ficam pela delicadeza e não pelo ato e assim foi.
E aí eu queria te dizer, enquanto te sento ali e finjo uma articulação insuitada que sempre sempre sempre dá errado coisas e mais coisas. Mas é assim, um universo de coisas. Um universo coisas tão particulares minhas e nossas que são tão grandes, tão imensas que eu precisaria de um cigarro e um conhaque nas mãos, mesmo que não beba nem fume e saiba que você odeia odeia cheio de cigarro. Mas acho que talvez nem assim falaria nada das coisas que importam e bebericaria e fumaria, e te diria que olha, a fumaça fica até bonita em contraste com o escuro do céu, ou então faria alguma piada muito sem graça e você riria, ou falaria muito alto e acabaria por sentir vergonha de mim no momento que pisasse de novo no meu apartamento e te visse da sacada indo embora.
E dessas coisas que eu não quero te dizer, e quero, mas sei que não vou, mora aquilo de te dizer que gosto de você desde a primeira linha de conversa que tivemos, faz tempo, tanto tempo. E que eu cuidaria de você pra sempre e que eu te admiro pra cacete e que junto com isso, eu viro uma quinzeanista muito ridícula falando alto, quase gritando, histérica. Dizem que amor faz a gente meio assim, faz a coisa toda virar uma papagaiada de filme de comédia romântica muito estranha e louca com direito a tropeçar nos próprios pés, e nas palavras também, porque não? sempre sempre. Você me vê cair dia após dia. E me preocupo contigo mais do que comigo e olha, senta aqui, eu vou te falar todas as coisas. Que me mordo de ciúmes, que morro de medo que mudes demais e que não seja mais aquele menino que um dia eu conheci, desajeitado e lindo e que eu adorava ver rir e que eu queria e quero, e sei lá por quanto tempo vou continuar querendo guardar junto comigo pra privar do mundo e das outras coisas todas e dos perigos que são muito e rápidos. Tenho medo de te perder, de te perder de mim, entende? quero te dizer que eu gosto de você tanto, e é um tanto que quando a gente fala dá vontade suspirar e dói por dentro uma dor estranha e rápida. Espera, senta aqui, mas eu não vou te dizer essas coisas todas não, ainda não, você sabe que eu não consigo e estou tão doente por você que passaria todos os meus dias junto com você mesmo que não falasse mais nada e a coisa toda é tão doente que eu deixaria de te amar agora, nesse minuto e tomaria minha estrada rumo à coisas mais interessantes, mas espera, você é a coisa mais interessante que me aconteceu e mesmo que me doa de dar raiva eu sei que não vou pra lugar nenhum. Vou ficar aqui, esperando, um dia você me pega pela mão e diz "ei, vem por aqui" porque no fundo você também sabe, deve saber e se não souber que bonitos mesmo são os amores que são pela delicadeza de existirem e não pelo ato, e assim vai ser.
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