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16.9.09

Te machucar.

O fato estranho de todas as coisas passam pelos gestos ensaiados sonelemente. sempre sempre um olhar no espelho antes de saber exatamente o que fazer. eu quero te machucar. machucar bem machucado como quem enfia agulhas pontudas e finas devagarzinho em diferentes lugares do corpo. só pra sentires mais ou menos do avesso o que é isso de te amar e não querer. te amar é mais ou menos quase bem assim como enfiar agulhas devagarinho em todos os lugares do corpo. dói de doer fino e estranho e dá vontade de tirar tudo de uma vez pra acabar logo com isso. mas te amar é dor cronica sem remédio ainda inventado e quero que sintas e proves da mesma dor. a exata, a mesma.

sentirás então a minha falta quando de subito eu resolvesse então sair da sua vida como quem sai de algum lugar que não gosta? rápida e freneticamente sem dar tchau e sem deixar vestígios. e então tento todos todos todos os dias me educar de faltas de você. e é quando percebo que as faltas de você doem tanto mais em mim do que em você. não faz muito tempo desde que de algum modo estranho eu importava na sua vida tanto quanto importavas na minha. acontceu então o dia do grande desreconhecimento, sem que ninguém percebesse e hoje o que eu olho não é você. não mais. e me decepcionas esse não ser mais. Quando foi? em que data exata aconteceu de desbalancear a nossa equação e eu ser pra você tão (menos) do que você sempre foi pra mim?

Não me responderias se eu perguntasse talvez porque nem vejas ou saibas o que acontece e continues então vivendo sua vida como sempre viveu e pensando em mil maneiras de conseguir aquilo que sempre quis e então às vezes eu olho para esse irreconhecível você e tenho vontade de sair correndo porque desse você eu não gosto, nunca gostei e manteria uma distância mínima de segurança só para quem sabe assim eu parasse de me machucar (tanto).

Mas fato é que sempre soube que te amar seria assim uma tarefa difícil, uma coisa que daria raiva por três minutos e depois acabaria. Tens total controle sobre mim. Não faz muito tempo que tens, mas tens. Começou a ter exatamente no dia que eu soube que você já não era mais meu. Me prendem as coisas que não são minhas e desde então me sinto- algo que alguma palavra que termine com "ente"- totalmente, solenemente, completamente ligada à você de jeitos que já não posso pensar em desgrudar.

Queria então que sentisses metade da ausência que sinto quando não estás e metade da preocupação que existe quando acontece qualquer coisa que seja com esse você que eu considero tanto. Considero, amo, chame do que quiser mas é sen-ti-men-to. E botamos os dois os pés pelas mãos porque de sen-ti-men-to a gente nunca entendeu nada. Tu pensas que entendes e eu escrevo sobre há pelo menos cinco anos, mas saber viver o tal sen-ti-men-to a gente não sabe; Eu estou aqui pra te acudir e eu, aah, nunca teve quem me socorresse e agora tudo que eu penso é em fazer você sentir a dor que é te amar assim, que sentisses a mesma coisa por mim nisso que a gente chama (chama?) de relação.

Te fazer sangrar com cento e vinte agulinhas de cores diferentes, devagarzinho, sorrateiramente assim. Te fazer se machucar e depois sumir de súbito. Sentirias então a minha falta como sinto a sua. Sinto-te em faltas e presenças todos os dias. Sentirias então? E então eu te digo que te machucaria só pra depois poder te curar pra mim. Te arrumar os pedaços, te colocar no colo e te dizer "vai passar, vai ficar tudo bem", porque eu sempre vou estar contigo.

Eu te amo, do avesso, do direito do contrário e da dor que é amar, eu amo.

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