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15.7.10

Quebra cabeça de existência.

Talvez eu queria te olhar, dizer meu deus você era a minha única esperança nesse mundo, nessa vida, nessa minha existência. Era a minha única esperança agora pelo menos nesse instante era a única coisa em que eu estava me agarrando, e tudo isso, toda essa indecisão-indiferença, todo esse mistério sem sentido tem me feito mal, meu deus, tão mal que você se soubesse ia parar ia sumir ou ia dizer de um jeito estranho sem amor, sem sentimento sem nada que estava tudo bem, que ia dar tudo certo e que ainda havia esperança em algum lugar na vida, no mundo, nas pessoas, nas coisas todas. Mas você nem deve saber o que é isso. Eu descubro então que na verdade não queria te dizer coisa nenhuma dessas, porque na verdade você não é nem perto daquilo que a gente pode chamar de esperança ou sei lá o que. É só assim um nada, no meio desse monte de nadas que tem se tornado a minha vida. Desses buracos. Eu tento te pegar e dizer meu deus, vem cá, preenche esse buraco. Mas o buraco não foi você quem fez, fui eu. E não cabe a você nem a ninguém preencher. Como um quebra-cabeças desses de cem peças que perdem uma parte não adianta tentar colocar a peça que for no buraco, quebras-cabeças precisam de encaixes perfeitos. Assim também se faz com a vida, com o amor e comigo. Você não é a minha peça, a minha esperança, você só é esse nada no meio do monte de nadas que a minha vida virou desde que eu perdi uma peça. Um pedaço, uma parte, meu braço direito. E o quebra-cabeças fica lá, perdido, perdendo cada dia mais peças, abrindo cada vez mais buracos e é nessa ânsia de preenche-los que tudo que eu consigo é me perder cada dia mais. Nessa procura de peças erradas coisas erradas gentes erradas tudo que eu percebo é que só existe uma peça que eu perdi e só resta então conviver com o buraco até achar a peça de novo, ou quem sabe só aprender a conviver com o buraco, com o vazio, com o nada.

Diariamente.

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