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8.11.09

pra sempre (?) meu.

você sempre foi meu. desde que eu posso me lembrar, você sempre foi meu. você existiu pra mim sendo meu garoto, meu garotinho. meu grande, enorme, completo garotinho. você sempre foi meu. mesmo quando não era, você sempre foi. e assim sendo, eu nunca tive o que temer. podiam passar alguns dias, alguns vários dias, mas você sempre ia voltar pra mim e eu ia voltar pra você. era um acordo mútuo assim traçado. a gente nunca mais vai se largar. nunca mais. e podiam passar tempestades e eu podia viajar de balão por todas as cidades que eu quisesse que quando eu voltasse, você estaria lá me esperando. me esperando de braços abertos e com o sorriso-mais-lindo-do-mundo. e eu estaria assim pra você também. você podia se perder por aí como você fazia de vez em quando, mas eu sempre te entendia e deixava um café pronto e forte pra quando você voltasse. só pra você nunca se perder de mim, e aprender que mesmo que se um dia não souber mais pra onde ir, você ia sempre poder voltar pra mim. pra sempre.

mas a grande verdade é que você nunca foi de vez. eu até estou tentando pensar um dia que você tenha ido realmente, mas esse dia nunca aconteceu. Daí a gente só pode tirar a grande verdade do universo, ou a grande verdade da nossa história, como você quiser. você nunca deixou de ser meu, mesmo quando deixou. houveram umas vezes em que você resolveu que ia passar um tempo em outros lugares. você já gostou de outras garotas, é verdade. você quis namorar outras garotas, e todas elas foram e voltaram, mas sem mim você nunca deixou de estar. eu te deixava ir, mas porque eu sabia que você ia voltar pra mim. porque eu sabia que você nunca na verdade tinha se desligado de mim. e eu estava lá, como alguém que te deixa trilhar os próprios caminhos, mas só pra não te deixar desviar da rota certa. eu sempre fui sua rota certa. você podia ir pra qualquer lugar, que no fim das contas era pra mim que você voltava. era comigo que você sempre esteve, você lembra? você ainda lembra que eu te dei colo em todas as vezes que você fez as decisões que eu sabia que iam dar errado e voltou pra mim, dizendo que não estava bem. eu só te deixava ir porque você precisava aprender, mas eu também só te deixava ir porque eu sabia que você ia voltar. e ia voltar pra mim, porque na verdade você nunca tinha ido. você só tinha ido dar uma volta, provar outros ares, mas só pra me contar depois como tinha sido e me dizer que tinha sentido minha falta em alguns pedacinhos da viagem.

Tu ainda te lembra daquela vez que mesmo quase-apaixonado você quase desistiu de tudo por mim? tu ainda te lembra que eu sempre fui teu porto seguro? tu ainda te lembra que eu um dia fui teu ideal de garota? tu ainda te lembra que na verdade você sempre esteve comigo? garoto, você sempre foi meu e eu sempre fui sua. sempre. mesmo quando não fui, eu sempre sempre fui sua. desde o primeiro dia. desde o dia em que você me cativou que eu sabia que eu ia ser sua pra sempre. mesmo que náo fisicamente. eu ia ser sua. podia estar sendo de outros caras, podia ter vinte e sete namorados, mas ainda sim, eu ia ser sua. porque eu nunca fui de mais ninguém. não depois de te conhecer.

mas hoje alguma coisa estranha acontece e pela primeira vez eu tenho medo de que você vá e não volte. que em alguma parte sua, você tenha esquecido que você sempre foi meu. e então resolva ser dela. dela, dela que não tem um tico que seja a ver com você e que vai ter que aprender a lidar com todas as coisas que eu já sei. com todas as coisas que eu já aprendi. tenho medo que você aprenda a ser dela, dela que não sabe o jeito de adoçar teu café ou os livros que você possivelmente vai gostar. dela que não sabe que você tem na verdade quinze anos e que sonha com alguém pra ser sua, e pra ser sua pra sempre. dela que ainda não sabe o jeito que você prefere os seus lanches e nem o que você faz aos domingos, e nem o que você fez a sua vida toda, e nem o que você poderia querer fazer, antes mesmo de você mencionar. tudo isso eu sei, tudo isso eu aprendi enquanto você era meu e eu nem percebia. porque você só era, e assim era como se você tivesse sido assim sempre. nunca houve um jeito de existir que não fosse você sendo meu. nunca. e então eu nunca soube imaginar que um dia pudesse haver. e então parece que há, e eu tenho que te dizer que eu nunca senti tanto medo assim na minha vida. como é que eu vou viver sem ter você pra mim? me diz, me diz se você conseguiria viver com um vazio do tamanho do universo inteiro pra lidar. com todos os sábados da sua vida e todos os restos dos outros dias sem cor. só me diz se você ia conseguir viver sem seu braço direito, porque você é meu braço direito, e o esquerdo, e todo o resto do meu corpo. e eu nasci com todas essas coisas, então nunca imaginei como seria viver sem elas, mas eu sei que ia doer. eu também nunca me imaginei viver sem você, porque até agora você era meu e olha, se você for embora eu só sei que vai doer de um jeito que eu não sei nem explicar como vai ser porque é uma dor que eu nunca senti. e olha, eu não quero saber. porque deve ser alguma coisa bem perto de morrer ou de perder um braço. ou perder o corpo todo. ou seria como viver vendo tudo preto e branco pra sempre, sem nenhuma corzinha que fosse. sendo de qualquer jeito ia doer muito e ia ser bem sem graça. então olha, continua sendo meu. não vai ser esforço nenhum, já que faz um tempão que você já é meu. e aí eu prometo que eu continuo sendo sua, porque eu nem sei ser de outro jeito. mas caso você tenha mesmo que ir e me deixar sem meu braço direito, sem minhas cores e com um vazio do tamanho do universo, só te lembra que eu ainda vou ser sua, se um dia você quiser voltar. porque eu sempre vou ser sua, mesmo quando não for. agora, antes de ir só tenta me explicar o que eu faço se eu te perder, porque eu juro que não sei.

Um comentário:

Anônimo disse...

lindo