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28.2.10

Não sou mutarelli, mas quero tentar.

faltam tres horas pra que eu pegue meu vôo pra casa.
as pessoas tomam café.
deve ser o café mais caro que eu já tomei em toda minha vida.
quatro reais e cinquenta centavos por um café.
deveria vir com ouro um café desses.
a menina na minha frente ri segurando uma xícara de café. eu não entendo porque uma pessoa ri com um café na mão. talvez ela esteja feliz, com o café. talvez seja cafeína liberando endorfina.
ina.
ina.
ina.
talvez seja só isso que eles queiram que a gente acredite. que cafeína deixa a gente feliz, libera endorfina.ina.ina e todos os inas e faz a gente rir com a xícara na mão.
talvez, no fundo, todas as pessoas apenas esperem ficar idiotas.
rindo.
que nem essa mulher de boca aberta segurando uma xícara de café na propaganda.
talvez, no fundo, ninguém realmente saiba o que quer e por isso fique assim, idiota, com uma xícara de café na mão.
rindo.
com cafeína.
como quem cheira cocaína.
liberando endorfina.
ina.
ina.
ina.
rindo.
e no fim todos terminam assim.
idiotas. como quem segura uma xícara de cafe e ri.
só que eles choram.
os portares de cafeina
cocaina
e endorfina
ina.
chorando.
segurando uma xícara de café na mão.
a xícara mais cara de café que eu já tomei.
que deveria vir com ouro.
mas só é amargo.
amargo.

4.2.10

Vem falar de amor que eu te entendo sim

(ou quanto amor cabe em três meses)

cabe em três meses um amor assim, do tamanho do nosso. Ou do meu por você. Ou o de você por mim. Eu penso em você e você faz nascer em mim um sorriso. Daquels grandes. Um sorriso cor de chocolate. Cor de chocolate porque eu gosto assim. Um sorriso cor de massa, pra você. Enfim, um sorriso da cor de qualquer coisa, mas qualquer coisa que faça feliz. Felicidade minha pra você que eu quero dizer que faz nascer mais do que um jardim. Nasce um parque inteiro de felicidades pra você; Senta aqui, hoje sou eu que quero te falar coisas. Assim, depois dos três meses que passei sem a tua presença. Hoje eu me dei conta. Eu amei três pessoas na minha vida toda, e você é uma delas. Mas você assim, eu ainda te amo. Instante presente, agora. Te amo do verbo no infinitivo "amar". E no presente também "amo". E no superlativo "amo demais". E no gerúndio e fico " te amando te amando te amando te amando", assim, sem pausas ou vírgulas. Um amor que nasce e continua no mesmo passo, ou descompasso. Te amar é meio descompassado, sem jeito. Te amar é de um turbilhão de coisas que vem e passa. Te amo, e dá vontade de gritar. Olha, aquele menino ali, de camiseta verde, eu o-a-mo. Assim, separando as sílabas pra dar mais ênfase. Então eu poderia te listar imensos planos e te dizer que segurarei então a sua mão daqui anos depois dessas palavras mal escritas-sem-jeito. Esqueço. Te amo agora, no presente de amar. E te amar no presente significa: eu te amo agora. Depois, depois eu não sei. Posso amar, desamar ou amar mais-que-nunca. Mas agora sim, agora eu te amo. te amo com toda a intnsidade que o amar significa. Você é um pedaço de mim. E eu espero sentada até que o pedaço de mim volte. Ali, tem um banco na rodoviária da onde eu te espero chegar. Todo meu, pros meus braços. Três meses depois e eu ainda te amo. E amo tudo em você. E sinto falta de cada pedacinho que você significa em mim. Você de tão pequeno ficou grande. Mora em mim, me abarca com esse seu jeito de ser que é só seu. Meu menino-criança do abraço gostoso. Dos beijos e das milhares de coisas que as pessoas apaixonadas podem dizer quando amam o ser amado. Pessoas apaixonadas podem fazer listas intermináveis para o porque amar o seu amor. Mas a grande verdade é que quando se ama alguém, não precisa-se listar motivos do porque amá-lo. É claro que eu te olho nos olhos e adoro a cor deles, e também me sinto protegida no momento pra-sempre que teu abraço esconde. Minha eternidade. Eu amo a minha eternidade em você, e também amo o fulgás que existe em nós. Eu te amo e não preciso de motivos pra isso. No presente do verbo amar, eu te amo. Você me faz feliz. Faz três meses desde a última vez. E eu te preciso. Hoje, assim, eu te preciso. E amanhã e amanhã e amanhã e amanhã. E eu te amo. No presente do verbo, no superlativo e principalmente no gerúndio. Amando amando amando amando amando todo amor que pode caber em mim, e que é seu. Todo seu.

Verbo corpo canção

"Pra ser sincero não espero de você
Mais do que educação
Beijos sem paixão, crimes sem castigo
Aperto de mão.
Apenas bons amigos.

Nós dois temos os mesmos defeitos
sabmos tudo a nosso respeito
Somos suspeitos de um crime perfeito
Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos

Um dia desses, num desses encontros casuais
Talvez a gente se encontre
Talvez a gente encontre expliacação
Um dia desses, num desses encontros causais
Talvez eu diga, minha amiga
Pra ser sincero, prazer em vê-la
Até mais."
(Engenheitos do hawaii in pra ser sincero)


(para o dia que o gessinger se fez carne)
Então foi assim. Eu pensei em você verbo e você me apareceu: corpo. A distância inenarrável entre o você, verbo, meu. E o você, corpo, sabe-se-lá-de-quem. Mas foi assim, logo depois do você-canção você se materializou em mim. Corpo. De todos os seus estados possíveis, existe esse com o qual eu não sei lidar. O você-corpo. Quando você existe verbo, sou eu quem te conto. Eu te escrevo, te domino, te dou vida com as palavras que são minhas. Então, você é meu. Quando você é canção, é a minha interpretação sobre o seu existir. Ainda é meu, de controle. Já o você-corpo sai por aí fazendo o que lhe cabe. Sorri, anda, e principalmente, não é meu. Não te controlo, não te faço sorrir pra quem eu quero e nem mesmo sei o que se passa dentro de você. No nosso instante encontro aconteceu assim, o verbo se fez carne. E eu só sei lidar com verbos, não com carnes. Se fez então o meu encontro causal, o nosso, coisa estranha. Você-verbo ainda morava em mim, você- canção ainda estava nos meus ouvidos. Você carne, em sua existencia bruta se fez assim, distância. A indiscutível distância entre dois corpos. Fria. Ali. Já não somos mais, apenas bons amigos. Mas serás pra sempre meu verbo, e minha canção. Pequeno grande pedaço eterno do meu ser; verbo, poesia, canção e corpo. Indivizivel.