O problema não é eles, você sabe. O problema todo é enxergar a pequeneza naquilo que eles fazem. Não pode ser. Você já parou pra pensar com que tipo de pessoa a gente tem que que lidar todos os dias? Talvez eles consigam. Eu só peço desculpas. Eu não consigo. Não consigo essas relações superficiais todas, você sabe? Isso de bom dia, boa tarde, isso de viver dez, vinte anos com uma pessoa e não saber nada sobre ela. Não estou falando de coisas banais. Eu posso conhecer metade da casa dela e até saber que trajeto ela faz todo dia pra chegar até lá. Conheço uma mania ou outra, aqui e ali. Eu não estou falando disso. Estou falando do que ela sente por dentro. Suas grandezas ou pequenezas interiores. Não o que ela deixou ou não de comprar no mercado.
Pode até ser que eu não tenha me acostumado. Alguns robôs dão defeito. Eu dei. Mas eu não quero, sabe? Sair toda sexta feira com as mesmas pessoas durante vinte anos e só conversar sobre quantos gols o fluminense fez ou deixou de fazer e essa loucura que anda os preços e a vida da gente. Não quero ter dez pessoas ao meu redor e pagar um cara pra contar meus problemas.
Não quero esse mundo e suas inúmeras relações doentes e seus anti depressivos enlatados. Não quero. Eu tô tentando, sabe? Fugir disso tudo. Eu ainda tento me mostrar, ter relações não superficiais, acreditar nisso de amizade mesmo, união de almas e tudo mais. Acordar e ter alguém pra contar que além de ter cortado o meu cabelo, minha alma foi cortada em mil pedaços.
É, eu ainda sonho com alguém dividindo minha vida comigo e não só a minha casa, espaço, móveis e televisão.
Talvez eu só queira mais que carros andando apressados e conversas rasas de bar.
Sabe? tentar não sentar no meu computador e manter a maior distância possível de tudo que seja vivo.
Eu só queria olhar pra alguém e ver a mais que um cabide de roupas triste e sem cor nessa vitrine que um dia já chamaram de mundo, com coisas que um dia já se chamaram pessoas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário