Páginas

21.8.08

E o gmail continua guardando minhas velharias.

Não ter o que fazer na aula acaba com você fuçando a sua velha mania de escrever textos nos rascunhos dos e-mails, pra não perder e postar por não ter nada de mais interessante pra fazer. não lembro direito quando, nem porque. Fato é que por falta de vontade de outra coisa, vai isso mesmo.

Sobre Cappucinos e ausências.

Uma pequena lembrança daquela saudade.

Ela ficou pensando enquanto colocava a água quente em cima do cappucino, quando é que foi que ela resolveu que ia mesmo tomar café sozinha. Um ano, nem isso atrás eram sempre perespectivas de cafés juntos, pra sempre. " Você quer café? vou fazer um pouco pra mim" " quero sim, claro." o café dele um pouco fraco pra ela, mas ainda era café e tudo o que importava era a companhia.

Ficou pensando também quando é que ela resolveu que ia trocar as roupas pretas por calça jeans e blusa branca e não deixar mais o cabelo crescer. pensou também em porque era que ela não ouvia mais aquelas músicas e nem ria das mesmas coisas. pensou com mais força ainda quando é que ela tinha escolhido que ele saísse de vez da sua vida.

Aquilo não foi bem uma escolha. as coisas foram acontecendo e numa noite, às quatro ou cinco da manhã ele disse que ia embora e foi mesmo, e ela achou que como sempre ele iria voltar, de calças cinzas ou não, mas ia. ele não voltou. ele não voltou e ela pareceu não se importar, porque ela nunca se importava demais com nada e menos ainda com essas coisas de amor. o amor da vida dela era só uma perspectiva de café e algumas outras coisas que o tempo levou e ela nem consegue lembrar mais.

Mas ao pegar aquela xícara de água quente e dar passos largos e leves até o computador alguma coisa faltou. uma ausência. uma ausência daquilo que era e não é mais, e quem sabe nunca mais vai ser. aquilo que era pra ser pra sempre, bonito, indivizível e real.

Mas até as coisas pra sempre, bonitas, indivizíveis e reais um dia acabam. só acabam. depois de uma conversa, depois de um achar que era a escolha certa. depois de uma simples conversa de noite que acaba tudo que foi construído em anos num simples tchau.

Nem era nada, nem era perspectiva de que eles fossem voltar. era só e simplesmente saudade. saudade daquilo tudo que era pra ter sido e não foi. desde os passeios de bicicleta no fim de tarde, idas a praia, shows e viagens internacionais. cafeína, café, coca cola e o abraço. estranha ausência, um aperto no peito. mas peloamordedeus, esra só uma xícara de cappucino e ela nem lembrava se ele gostava de cappucino também ou se era só de café.

Era só mais uma música, zé ramalho nos fones de ouvido e o fato dela lembrar que ele era a única pessoa que tinha dito que gostava de zé ramalho, justo aquela música mais brega e ainda sim bonita que ele cantava com chitãozinho e xororó. era só porque ele era o único cara que tinha coragem de falar pra ela o que pensava de verdade e era porque ele era o único que respeitava o fato de ela ouvir essas coisas que nem são legais. era só porque ele até gostava de sertenejo escondido e ela bem que sabia, e achava graça e porque ele era o único com as cantadas de pedreiro legais e também com as declarações simples e bonitas mesmo quando essas declarações vinham em forma de brigas que a faziam perder o chão.

Era, na verdade, domingo, um pouco de água quente na xícara, um pouco de água com sal nos olhos e lembranças de algo que um dia pode até ser de novo, quem sabe, um dia e ela só ficou pensando que era tudo porque existia uma ausência imensa, um buraco meio sem cor no meio de tudo e que ele talvez, tinha sido a única coisa, pessoa ou ser que ela já amou de perder o chão, as chaves, a cabeça e todo o resto. era talvez porque era isso que preenchia o coração frio dela coisa que nem mil xícaras de cappucino ferventes fariam mais. nunca mais.

Nenhum comentário: