(no love, no glory)
e foi como se toda noite em que eu te preparasse um jantar com a sua comida predileta você não aparecesse pra jantar. e ficaram ali, os pratos esfriando na mesa com aquela comida que eu não gosto muito, mas que acabei de fazer só por saber que você adora. como então sozinha, na minha mesa montada pra dois com milhares de coisas para te dizer, milhares de verdades pra te revelar, as declarações de amor que eu nunca tive coragem de dizer tilintando na minha cabeça. mas você saiu pra tomar seu drink com os amigos e me disse que ia ser bom, que seria bom eu passar um tempo sozinha. porque era só uma noite e eu nem ia perceber quando você voltasse de vez. ia até ser bonito, sabe? dizem que essas ausências eventuais fazem bem. que fazem (re)nascer alguma coisa que se perdeu por aí, porque cada um entre em contato com coisas diferentes das que estão acostumados e quase tem novidades para contar.
eu sei, acontece. até gosto de ficar sozinha, muitas vezes, repetidas vezes, e tinha planejado isso para qualquer dia ocasional. mas eu estava me gritando hoje e tantos outros dias. precisando tanto de atenção que eu faria o seu jantar todos os dias só pra que conversássemos e conversássemos até que não houvesse mais assunto e cansados só estivéssemos ali, sem nada mais a dizer.
mas fiz a mesa, os pratos estavam ali. estava tudo arrumado de um jeito que as coisas eram muito mais pra você do que pra mim, o que seria quase impossível, porque sabe, todo mundo sabe o quanto eu sou egoísta. estavam assim, desse jeito porque estava disposta a te dizer qualquer verdade. inclusive as verdades que podiam machucar. eu me contaria de qualquer jeito, sem ensaiar as palavras que tenho que dizer. diria e estava disposta a. estava disposta as declarações mais bonitas, a pela primeira vez dizer tudo aquilo que nunca disse por medo de sei lá o que. estava ali de mesa posta e coração aberto, pra te dizer tudo. pra te dizer e me jogar em cima de você, e te dedicar mil coisas e me desculpar mais uma vez pelas coisas que eu vivo fazendo. e te dizer que você é uma porção de coisas e que eu sou, ocasionalmente, uma idiota. que eu sou fria, que eu sou distante. eu te diria essa e mais um milhão de coisas. te diria, estava disposta enquanto te esperava, a dizer que eu acredito no que me disseram hoje, que o amor é uma coisa tão bonita que dá medo. eu quase chorava, e não sentia mais medo. eu estava prestes a te abraçar dizendo que eu não sentia mais medo e que eu ia ficar com você pra sempre. relembrando. relembrando a cor da sua blusa no nosso primeiro encontro, as coisas que eu te disse. as coisas que você me disse. as promessas que a gente fez. eu estava prestes a te dizer que eu nunca mais amaria alguém da forma ou da intensidade que eu te amava naquele momento. e ia te dizer também que você era simplesmente perfeito. ia elencar razões pelas quais eu te amava e te queria pra sempre sempre sempre.
mas você não apareceu pra jantar, a comida predileta que era só sua comida predileta esfriou na mesa, meu penteado se desfez e a vontade de te dizer coisas se foi no momento que eu percebi que eu deixei de te amar. quando, você me perguntaria. agora, eu te diria. e saio andando em busca de alguém que apareça pra jantar e eu possa dizer tudo que hoje eu tinha sonhado em dizer pra você, porque eu não quero mais estar aqui quando você voltar. and so it is, until I find somebody new.
(closer)
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