Ia escrever um texto, mas a palavra me tirará o tempo da corrida.
São necessários os cafés da manhã sem pão, sem carboidrato.
Por dois dias.
Londrina tem menos amor do que São Paulo.
Aqui as pessoas te atropelam nas ruas e ficam em suas casas.
Aqui as pessoas namoram e esquecem que existem outras vidas.
Aqui as pessoas precisam de carros.
E gritam seu nome na rua.
O universo egoísta dos exercícios no zerão.
Os guardas municipais.
A elite decadente.
O calor insuportável de uma cidade que quer crescer e não cresce.
O amor cego de todos aqueles que aqui vivem e não conhecem outra coisa.
Qualquer amor é verdadeiro quando não existe outro referencial.
Não existem mais quiosques no calçadão.
Os velhos não tem mais onde sentar.
A melhor coxinha da cidade não é tão boa assim.
Vocês não sacrificariam meia hora de ônibus pra me ver,
Enquanto na cidade em que todos se odeiam,
Eles passam horas no metrô para me encontrar por meia hora.
Por duas horas.
Eles trabalham amanhã e vocês não sabem andar de ônibus
Não sabem pegar sol.
Não se sacrificam.
Depois me encontram e me dizem
"tudo ficará mais difícil se você continuar insistindo em não amar isso aqui"
É que amor não se obriga,
acontece.
E eu não amo mais Londrina,
nem as ruas que não são mais as ruas da minha infância
nem as desculpas débeis
nem as saudades fingidas.
Não amo mais vocês.
E se corro oito quilômetros
e se me entupo de clara de ovo e colesterol
e se pinto meu cabelo de loiro
é porque quero fugir de mim, e disso tudo
No dia da poesia escrevo os piores versos que os poetas já tiveram notícia
Perco a hora
Maldigo a pátria mãe e quero ir embora.
Sei que todas as pessoas com alma já foram embora daqui.
(ou irão).
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