Páginas

2.12.12

o que será que será?

Odeio tudo que eu escrevo. Quero jogar no lixo tudo isso que eu penso e repenso e que não sai texto nem coisa nenhuma que fique perto do aceitável. Sinto sono e não durmo de jeito algum. Descobri que o mundo se divide, primordialmente, em dois grupos de pessoas: as que estão e as que não estão. As pessoas que estão são as que mesmo em meio a loucura da vida arrumam um tempo pra se fazer presentes; as que não estão inventam estranhas desculpas, fazem morrer os cachorros e sempre tem alguma coisa terrível da faculdade pra terminar. Descobri que pra amar é necessário passar sono e se gastar o dinheiro que não tem. Estar só quando dá pra estar é fácil demais. Tenho estado irremediavelmente sozinha. Já nem sei como desabafa. Nunca mais falei de mim e nunca mais escrevi nada que prestasse. Lembro de uma carta de amor (ou quase-amor) que escrevi no começo do ano e fico pensando que essa pessoa morreu. Eu morri. Não sei articular uma frase ou demonstrar emoções. Observo todo mundo com a frieza de quem narra uma história sem se envolver. Sou narrador-observador e não mais um narrador-personagem. A essas alturas acho que a vida pode fazer o que bem entender de mim. Eu me distanciei tanto de tudo e me machuquei tanto por dentro que eu já nem sei o que eu esperava. Não tem porquê acordar de manhã ou comprar roupa cara. A felicidade não é muito mais que conseguir tomar caldo de cana quando se tem vontade de caldo de cana. Nunca mais falei de mim, nunca mais saí sem me sentir bicho do mato. O estrago que tudo isso causou em mim (seja lá o que for "tudo isso"), parece muito mais difícil de curar do que se imaginava. Me sinto sem par no mundo e fico com vontade postar fernando pessoa com seu poema em linha reta. Fico com vontade tatuar fernando pessoa na testa. Tenho vontade de gritar e não grito. Sei que não posso fazer nada a não ser viver o que tenho que fazer agora. Nada dura pra sempre. Nem a felicidade, nem a tristeza. No mais acho que a minha cabeça esvaziou. Não sai nem texto nem trabalho. Nada sai da minha cabeça a não ser essa louca vontade de qua a vida faça um sentido qualquer. Não faz. Não consigo escrever um livro, uma monografia ou chamar alguém pra sair. Nunca mais falei de mim.

Acho que me tornei uma estranha que não sabe mais escrever, ou existir.

Nenhum comentário: