Quem te escraviza?
E pergunta ao coração como quem chora
Suplica uma resposta que não vem
Sabe estar escrevendo o pior poema
Das galáxias.
As constelações mostrariam um nome?
Dariam uma solução?
E se apontasse pro cruzeiro do sul,
Construísse um dirigível
Fosse até lá
Então, enfim, encontraria quem te escraviza?
Ouviu-se dizer que ele tem olhos cor de terra
Os pés no chão
Um olhar que não faz festa nem solta foguete
Um coração que não chacoalha
E nem se entrega
Ouviu-se dizer que ele se dá,
Às moças bonitas,
Às moças feias,
Às que tem coração que cintila,
Às que são ocas
Ouviu-se dizer que ele tem um andar solene
Jeito de homem que sabe das coisas do mundo
Entende as regras gramaticais
Não confunde o lugar das vírgulas
Mas ainda não entendeu os mistérios da vida
Ouviu-se dizer que foi ele
Que chegou de mansinho
Não fez barulho, não arrombou a porta
Que prometeu ficar
E que foi embora causando estrago.
As estrelas entendem o mistério do desamor?
E se construísse um foguete,
Apontasse pra via láctea,
Fosse até lá
Então, enfim, entenderia como o amor acaba?
Grita,
Desespera-se
Pede uma explicação
Se Deus existe, Deus não quer explicar.
Se Deus existe, não inventou esse tal de amor.
Quem te escraviza?
Pergunta ao coração e já sabe a resposta
E os dois então se olham,
Se entendem
Choram no sofá da sala de estar.
Ouviu-se dizer que ele chegou,
Tinha o olhar cor de terra,
Os pés no chão
Um coração que não chacoalha
E nem se entrega
Ouviu-se dizer que ele chegou,
Sorriu
Prometeu-lhe ser gentil
Pegou seu coração
E amarrou num tronco de árvore.
Ouviu-se dizer que ele chegou,
Ficou por um tempo
Construiu uma nave,
Apontou pro céu
E foi devastar outra terra.
3 comentários:
Larissa, esse poema... Esse poema, não tenho palavras pra dizer o quanto é perfeito ou o quanto descreve ele, ele pegou meu coração e amarrou num tronco só que ele é tão sem Piedade que colocou fogo nela e foi embora sem olhar para trás! Não sou tão boa escritora como vc, mas queria que soubesse que você me da esperança...
(((:
muito bom ler isso! costumo detestar todos os meus poemas (inclusive esse), mas brigada!
Impossível detestar o poema que me da forças pra continuar todos os dias...
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