Desculpem, mas hoje não tem como ser literária. Só literal.
Desabafos de um dia que não terminou. A frustração tocou logo as oito da manhã e vai dormir comigo.
Quarta feira, vinte e nove de outubro. Já perceberam que nós estamos no fim do ano? enfim, acordo no horário, mas não consigo acordar de modo algum. Maia dez minutos, mais dez minutos, mais dez minutos. Acordo atrasada, enfio a primeira calça jeans com blusinha preta que encontro pelos arredores do meu quarto, um jeito no cabelo, vício de lápis preto no olho, ondeéqueestãoospapéis?, mais um vício, copo de mate na cozinha, ondeéqueeuenfieiachave? no sofá, é claro. Você joga a chave em outro lugar que não seja no sofá? Espera o elevador enquanto coloco o all-star, sem meia mesmo, ondeéqueestãominhasmeias? Não sei. Chega o elevador, a pasta não cabe na bolsa, o papel não cabe na bolsa, mas e daí? eu estou atrasada pra única aula que eu gosto na faculdade, não posso demorar (mais).
Elevador, chave no portão, dois quarteirões até chegar a esquina. O moço guarda do hospital, o vendedor de morangos mais à frente, os carros, um ou outro aluno atrasado pro colégio. As coisas continuam seguindo a rotina normal. Parecia que ia esfriar, esquentou. A blusa também não cabe na bolsa, leva na mão. O relógio da rua marca oito horas. Eu só penso que vou chegar mais uma vez as oito e vinte. Minha aula começa quinze pras oito. O que são trinta e cinco minutos de atraso? Catracas, gente que eu nunca mais vou ver, um ou outro rosto conhecido que eu não faço questão de conversar, humaitá-faria lima-redondo-reitoria-ccb-ru-cch-cecalávoueu, tudo isso ao som de músicas que eu nem sei quais eram, eu não prestava atenção nem no trajeto e nem nas músicas. Descer do ônibus, correr o percurso, escolher a música " she's got a ticjet to ride, but she don't care". Eu não tenho um desses bilhetinhos, se eu tivesse estava andando por aí, também.
ntrar na sala, oi professor, atrasada de novo, ele nem deve se importar mais. As cadeiras mudaram, eu tomo um mate pra espantar o sono. Aula inútil número um, aula inútil número dois e uma decepção. Estou descontinuando, deixei de escrever por preguiça, vejo meu único projeto orgulhoso se esvair na minha frente. Tá, tudobem, eu posso melhorar da próxima vez, a gente sempre pode. Aula inútil numero três e discussão sobre política. Cidade de ninguém, coisas de Londrina, minha revolta já não serve pra nada, será que um povo unido muda alguma coisa? será que alguem ainda se junta por uma boa causa? Assembléia, issovaimefazerchegar tarde, não mãe, eu como miojo mesmo. Não, não tenho tempo de sair pra almoçar, vai ficar tarde, entende? Nunca gostei de almoçar sozinha.
Mais catraca, cartão, conversa, descer no ponto, divagações. Eu devia escrever sobre política e sobre design e literaturar, é, eu vou fazer isso. Depois de atravessar a rua, chegar em casa, botar a cabeça no lugar. Depois de elevador, miojo, computador. Depois que eu voltar a ter vida.
Computador, história em quadrinhos, quem disse que pintar no photoshop é legal? Não, tem que dar tempo. Não, não vai dar tempo. E vai chover. Agora senta, espera, assiste tv. Alguem ligou, tem recado no orkut? alguem pra conversar no msn? Ninguém escreve ao coronel. Minha mãe ligou, pediu pra ver as janelas. Eu já tinha visto, era um vento medonho, eu podia voar com aquilo. Meu quarto molhou todo, podiam trocar as janelas desse prédio. Mas ninguém trocaria janelas porque molha o meu quarto e molha o meu rádio e molha a lata de pringles que eu não guardei. Meu computador reinicia sozinho com mais um trabalho que ficou muito menos que a minha capacidade. No próximo a gente melhora, né? Eu só tive três dias, e ainda tá atrasado. Tudo bem, eu levanto amanhã-de-manhã e vou lá, as oito, depois vou pra uel. Tem que dar tempo, você sabe, tem que dar.
Mãe, acho que a tv queimou. Não gosto de assistir tv lá no quarto, mas assisto, canto um pouco pra desestressar, eu queria ter um "ticket to ride", joão e maria também é bonitinho. Minha mçae chega, a gente precisa ver tv. A gente não pode, a gente tem coisas pra fazer, mas a gente precisa. Todo mundo precisa parar, nem que seja com a cabeça cheia de tudo. Eles falam sobre neurose na televisão, eu sou neurótica, eu sei, dona psicóloga, que eu estou me auto destruindo, que a minha vida é mais importante, que enquanto a gente pensa besteira deixa de ser criativo. Eu sei de tudo isso, eu tenho pensado tudo isso desde domingo. Eu sei que eu estou abaixo de todas as minhas capacidades, que eu não faço nada, que eu não me concentro mais e que eu estou ficando cada dia que passa mais neurótica. Eu sei, mas... você sabe como muda isso? não é tipo desligar um botão e ei, não sou mais neurótica. Ei, sou despreocupada e relax. Odeio essa palavra, re-lax. Parece coisa que você diz depois que fuma maconha. Não, eu nunca fumei maconha. Nem beber direito eu bebo. Discuti as questões políticas de porque não se fumar maconha com meu companheiro de coca e trabalho, eu nunca tinha pensado por aquele lado. E a gente se mete a falar de desigualdade social e maldizer o mundo, somos dois velhos, mas pelo menos alguém discute isso comigo. Alguém não me fala que eu tenho que arrumar um emprego. Alguém entendeu o meu argumento ideológico de "porque não ser jornalista" e agora não quero ser mesmo. Certas coisas fazem muito sentido depois de meia hora de conversa com mentos de melancia.
Hoje não, hoje não fez sentido. Depois de comer macarrão, neurótica, novela cura neurose? não sei, dormi. Estou tão cansada que acordei com dores no corpo. Vou aproveitar e entrar mais cedo, aí termina o trabalho mais cedo, ai vou dormir porque não deve ser normal isso de sentir dores no corpo de cansaço. só quando o cansaço é muito grande. Depois de terminar, mais ou menos as onze e quarenta e dois, algum desespero. Você já chorou de cansaço? Já percebeu que não vai poder parar? que vai ter que correr e correr e correr e se parar de correr vai tropeçar e se machucar tão feio que não vai conseguir levantar mais? Eu já. E é medonho, porque dói o corpo, a alma e tudo que você quer é sair correndo e gritando " ei, moço, me leva pra longe daqui, qualquer lugar, eu não quero voltar logo". Eu não queria nem voltar, mas vou continuar correndo, catando cavacos e se pelo menos eu estivesse sentindo orgulho de mim. Mas não, eu sei que eu estou falhando, falhando e falhando continuamente. Que uma neurose estranha toma conta de mim e das minhas decisões. Que uma corda ridícula não me deixa ir pra frente e fica me puxando pra trás, um elástico, eu não sei. Como é que a gente evolui?
A gente não o faz, a gente acorda as sete e meia da manhã e continua vivendo entre catracas, gente que não conhece, trabalhos em que se podia ter dado mais, mas a coragem vai esvaindo, eu só queria sentar e ficar, sabe? Não sei viver correndo. Dói tudo, todos os lugares onde você pode imaginar e isso de chorar não adianta nada. Minhas neuroses não adiantam nada, minha vida não está adiantando de nada, onde é que você vai parar, dramaqueen?
Não sei, eu nem quero uma resposta. Só me dá um ombro, me ouve falar. Só isso, eu só tava pedindo isso só.
Vou continuar correndo então, e se eu cair, eu não levanto mais. Não faço questão.
Eu queria ter um bilhetinho pra andar por aí, e não ligar, porque a garota que está me deixando louca insiste em não ir embora.
24.10.08
Postando pra posteridade.
Certas conversas não podem simplesmente serem perdidas no histórico do msn.
Larissa. - quando voa o condor. diz:
COMO alguém não come COSTELA?
Larissa. - quando voa o condor. diz:
a carne nobre do churrasco, que desfia e nhami nhami.
Manuelli. [LUTO] diz:
ASOKASPOKASPOKASPOKASPOASKPOASKPASOKPASOKASPO
Manuelli. [LUTO] diz:
MEEEEEEEEEEEU DEUs
Manuelli. [LUTO] diz:
tu também AMA costela??
Manuelli. [LUTO] diz:
meeeeeeeu
Manuelli. [LUTO] diz:
casa comigo, please!
Manuelli. [LUTO] diz:
só você vai me fazer feliz.
Manuelli. [LUTO] diz:
OPASKPOASKAPOSKASPOKASPOAKSPOSK
Manuelli. [LUTO] diz:
eu queria tanto que você fosse homem. :~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Larissa. - quando voa o condor. diz:
KSOPAKDOSPAKASDKOPSDAKOSDAKOSOSAKOD
Larissa. - quando voa o condor. diz:
jesuiiis
Larissa. - quando voa o condor. diz:
estou tendo uma crise de riso.
Larissa. - quando voa o condor. diz:
manu, eu sei que uma de nós devia ter nascido homem para nos casarmos-nos
Larissa. - quando voa o condor. diz:
mas o destino foi cruel.
Larissa. - quando voa o condor. diz:
temos que achar clones masculinos uma da outra
Larissa. - quando voa o condor. diz:
o que quer dizer basicamente clones masculinos de nós mesmas.
Manuelli. [LUTO] diz:
o que quer dizer: morrer sozinhas!
Manuelli. [LUTO] diz:
aPOKASPOASKPOASKASPOKASPOKASPO
Moral da história? Igual a gente, não existe.
coaspiquicoaspiquicoaspiqui, sopasesapos.
te amo, cumadi mais tchonga do universo.
Larissa. - quando voa o condor. diz:
COMO alguém não come COSTELA?
Larissa. - quando voa o condor. diz:
a carne nobre do churrasco, que desfia e nhami nhami.
Manuelli. [LUTO] diz:
ASOKASPOKASPOKASPOKASPOASKPOASKPASOKPASOKASPO
Manuelli. [LUTO] diz:
MEEEEEEEEEEEU DEUs
Manuelli. [LUTO] diz:
tu também AMA costela??
Manuelli. [LUTO] diz:
meeeeeeeu
Manuelli. [LUTO] diz:
casa comigo, please!
Manuelli. [LUTO] diz:
só você vai me fazer feliz.
Manuelli. [LUTO] diz:
OPASKPOASKAPOSKASPOKASPOAKSPOSK
Manuelli. [LUTO] diz:
eu queria tanto que você fosse homem. :~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Larissa. - quando voa o condor. diz:
KSOPAKDOSPAKASDKOPSDAKOSDAKOSOSAKOD
Larissa. - quando voa o condor. diz:
jesuiiis
Larissa. - quando voa o condor. diz:
estou tendo uma crise de riso.
Larissa. - quando voa o condor. diz:
manu, eu sei que uma de nós devia ter nascido homem para nos casarmos-nos
Larissa. - quando voa o condor. diz:
mas o destino foi cruel.
Larissa. - quando voa o condor. diz:
temos que achar clones masculinos uma da outra
Larissa. - quando voa o condor. diz:
o que quer dizer basicamente clones masculinos de nós mesmas.
Manuelli. [LUTO] diz:
o que quer dizer: morrer sozinhas!
Manuelli. [LUTO] diz:
aPOKASPOASKPOASKASPOKASPOKASPO
Moral da história? Igual a gente, não existe.
coaspiquicoaspiquicoaspiqui, sopasesapos.
te amo, cumadi mais tchonga do universo.
Clichê mal estar.
E depois do cansaço eram uns olhos vermelhos que lhe advinham e uma água com sal que lhe inundava os olhos todos. Tinha ouvido dizer, certa vez, que a água do choro fazia bem pra pele, mas naquele momento o choro só aliviava o mal estar. Um mal estar sem sentido, sem motivo, sem começo. Um mal estar tão natural como estar viva – se é que estar viva é natural – um mal estar que lhe fazia doer o corpo.
Não é como se ela vivesse num mundo de fantasias. Os pés estavam grudados no chão e a única coisa que lhe era vício e virtude era esse idealismo doente sobre as coisas. Achar que todas as coisas têm jeito é muito mais doença que virtude. Idealismo dá mal estar.
As plásticas unhas vermelhas seguravam o rosto que já não queria mais estar em pé. Estava em pé por vício. Há dias que dormir cedo já não era mais uma alternativa. Falta de sono dá mal estar, mas acreditar dá mais mal estar ainda.
Acreditar nas pessoas, no mundo e em uma mudança repentina e avassaladora que lhe traga o que um dia chamaram de felicidade plena. Devia estar escrito em algum desses livros, existem pessoas que estão sempre em busca de felicidade plena. Existe? Ela se perguntava. Se perguntava enquanto olhava fixamente para a luz que lhe fazia bolinha nos olhos. Tudo que tinha tido a vida toda eram pequenos pontinhos brilhantes de felicidade passageira.
Ninguém deve ser feliz o tempo todo, não é possível. Existiria alguém que vive no mundo sem nenhum traço de melancolia, sem jorrar água com sal dos olhos, sem decepção? Existe alguém que vive sem nunca sentir mal estar?
Esse mal estar de estar vivo, de ser decepcionado. Esse mal estar de ter dúvidas, de não saber se é esquerda ou direita. Esse mal estar que faz doer as juntas, apertar a cabeça, querer deitar e nem conseguir dormir. Esse mal estar que vêm com o peso de ser humano e sentir.
Ninguém deve ser pleno sem sentir mal estar.
E ela nem sabia direito o que era. Se era isso de estar cansada de tudo o tempo todo. Se era essa tendência ao drama, essa não resignação, esse não olhar as coisas do jeito que o resto das pessoas olham. Isso de acreditar em pessoas que a enxerguem por inteiro, de esperar no portão, de sempre tentar fazer um pouquinho mais, mesmo que custe umas horas, um sono, um dia, umas palavras. Seria isso de esperar demais, de se decepcionar sempre, de precisar sempre que não se pode ter. Será que era porque ela não via com os olhos de isso-tem-que-ser-feito ou de as-coisas-são-assim-mesmo. Seria isso de esperar que o mundo fosse um pouco mais como ela queria e um pouco menos o que lhe foi imposto. Será essa tendência suicida em acreditar e acreditar e acreditar até o último e derradeiro instante quando morrem todas as esperanças e um pedaço dela mesma?
Será que viver assim não é viver do jeito certo e é por isso que dá mal estar?
Não é como se pudesse dizer, não há como afirmar com certeza o que há de errado e dá mal estar. Talvez seja todo um conjunto de ações erradas que não correspondem ao que deveria ser feito. Talvez seja só vício suicida de acreditar e querer demais, o drama que dá mal estar.
É uma incompreensão. Uma incompreensão tão comum, uma incompreensão que parece ter nascido com ela. É normal, mas incompreensão dá mal estar. Dá mal estar e lhe tira água dos olhos.
Esse não-sei-o-que que dá mal estar lhe toma conta dos ossos na noite quente. Não há explicação ou consolo. Alguma coisa está terrivelmente errada e dá mal estar. Um mal estar que lhe toma conta, um desconforto estranho, uma vontade de gritar, de dizer tudo que entala de sair sozinha correndo noite afora pelos perigos, em passos silenciosos rumo a algo que ela sempre quis e sempre esperou. Os algos que lhe são tirados aos pouquinhos. Rumo a reaver as esperanças que desfalecem nas noites quentes de verão e as incertezas que lhe acometem todos os dias. Rumo a juntar pontinhos de felicidade que formem um clarão e quem sabe formem o que chamam de felicidade plena. Felicidade plena sem mal estar.
Mas o que ela quer, definitivamente, não existe.
E lhe dá um mal estar tão grande quanto a própria noção de exisitir.
Não é como se ela vivesse num mundo de fantasias. Os pés estavam grudados no chão e a única coisa que lhe era vício e virtude era esse idealismo doente sobre as coisas. Achar que todas as coisas têm jeito é muito mais doença que virtude. Idealismo dá mal estar.
As plásticas unhas vermelhas seguravam o rosto que já não queria mais estar em pé. Estava em pé por vício. Há dias que dormir cedo já não era mais uma alternativa. Falta de sono dá mal estar, mas acreditar dá mais mal estar ainda.
Acreditar nas pessoas, no mundo e em uma mudança repentina e avassaladora que lhe traga o que um dia chamaram de felicidade plena. Devia estar escrito em algum desses livros, existem pessoas que estão sempre em busca de felicidade plena. Existe? Ela se perguntava. Se perguntava enquanto olhava fixamente para a luz que lhe fazia bolinha nos olhos. Tudo que tinha tido a vida toda eram pequenos pontinhos brilhantes de felicidade passageira.
Ninguém deve ser feliz o tempo todo, não é possível. Existiria alguém que vive no mundo sem nenhum traço de melancolia, sem jorrar água com sal dos olhos, sem decepção? Existe alguém que vive sem nunca sentir mal estar?
Esse mal estar de estar vivo, de ser decepcionado. Esse mal estar de ter dúvidas, de não saber se é esquerda ou direita. Esse mal estar que faz doer as juntas, apertar a cabeça, querer deitar e nem conseguir dormir. Esse mal estar que vêm com o peso de ser humano e sentir.
Ninguém deve ser pleno sem sentir mal estar.
E ela nem sabia direito o que era. Se era isso de estar cansada de tudo o tempo todo. Se era essa tendência ao drama, essa não resignação, esse não olhar as coisas do jeito que o resto das pessoas olham. Isso de acreditar em pessoas que a enxerguem por inteiro, de esperar no portão, de sempre tentar fazer um pouquinho mais, mesmo que custe umas horas, um sono, um dia, umas palavras. Seria isso de esperar demais, de se decepcionar sempre, de precisar sempre que não se pode ter. Será que era porque ela não via com os olhos de isso-tem-que-ser-feito ou de as-coisas-são-assim-mesmo. Seria isso de esperar que o mundo fosse um pouco mais como ela queria e um pouco menos o que lhe foi imposto. Será essa tendência suicida em acreditar e acreditar e acreditar até o último e derradeiro instante quando morrem todas as esperanças e um pedaço dela mesma?
Será que viver assim não é viver do jeito certo e é por isso que dá mal estar?
Não é como se pudesse dizer, não há como afirmar com certeza o que há de errado e dá mal estar. Talvez seja todo um conjunto de ações erradas que não correspondem ao que deveria ser feito. Talvez seja só vício suicida de acreditar e querer demais, o drama que dá mal estar.
É uma incompreensão. Uma incompreensão tão comum, uma incompreensão que parece ter nascido com ela. É normal, mas incompreensão dá mal estar. Dá mal estar e lhe tira água dos olhos.
Esse não-sei-o-que que dá mal estar lhe toma conta dos ossos na noite quente. Não há explicação ou consolo. Alguma coisa está terrivelmente errada e dá mal estar. Um mal estar que lhe toma conta, um desconforto estranho, uma vontade de gritar, de dizer tudo que entala de sair sozinha correndo noite afora pelos perigos, em passos silenciosos rumo a algo que ela sempre quis e sempre esperou. Os algos que lhe são tirados aos pouquinhos. Rumo a reaver as esperanças que desfalecem nas noites quentes de verão e as incertezas que lhe acometem todos os dias. Rumo a juntar pontinhos de felicidade que formem um clarão e quem sabe formem o que chamam de felicidade plena. Felicidade plena sem mal estar.
Mas o que ela quer, definitivamente, não existe.
E lhe dá um mal estar tão grande quanto a própria noção de exisitir.
23.10.08
aleatoriamente sem sentido.
eu tiro o esmalte das unhas vermelhas compridas. Eu dormi e estraguei tudo. Eu senti tanto sono tanto tanto sono e dormi. dormi em cima dos esmaltes vermelhos ainda molhados. Tem marcas da almofada nas minhas unhas. Tem marcas de tantas coisas dentro de mim.
Estou lendo estorvo, indo ao médico com frequencia, pensando tanto quanto posso e querendo me desligar. Tem algum botão, você conhece? acabei de baixar um cd novo, vivo ouvindo uma música que diz sobre amores requentados e microondas. Eu gosto mesmo é do sotaque. Vai morar comigo no rio grande do sul um dia? dizem que lá faz frio e a gente nem precisa tirar a blusa.
Tem um resquício de criatividade dentro de mim que aparece enquanto eu tomo suco de maracujá com manga e leite. Manga com leite não mata e suco de maracujá com leite parece mousse. De repente, três idéias.
Acabou minha salsicha, não tive vontade de comer miojo, estou com saudades.
Comprei ingressos para o show do zeca baleiro. terei um sábado cheio desde a hora que eu acordar.
Precisava te contar que eu peguei um daqueles livros que você me recomendou. Hoje. Era o único que parecia interessante na biblioteca. Eu quase parei no machado de assis, mas chico buarque é minha eterna paixão. A gente é parecido.
é, eu sei que eu posso mais. Posso mais do que esses textos de menininha. Sei que posso mais coisas sérias e até quem sabe histórias de ficção com coisas escondidas. Só não ando com cabeça para. Estou indo dormir pensando em dormir amanhã a tarde, vai dar tempo.
Semana que vem tem strogonoff e a noite a gente pode comprar pizza, né pai?
Faz uma semana que eu não consigo dormir antes das três, vou aproveitar.
Essas vinhetas instrumentais no final de cada música estão me dando nos nervos. Está quente, dou um rim por um ar condicionado. Tô viciada em mate, tomando desde que acordo. Isso é só mais um dia na minha existência, eu te prometo ficar feliz e arrumar as minhas unhas, e parar de sentir saudades.
Prometo não perder a hora amanhã, também.
Agora boa noite, minha semana está acabando mas eu tenho um monte de planos pro resto da minha vida, você me disse que eu precisava de metas. Você sempre tem razão, mesmo depois de quase três anos.
Não dá pra desacreditar assim.
Boanoite. Foi só um post pra dar tempo do cd acabar.
Minha vida agora é mate, sorvete de flocos na casquinha, ar condicionado de shopping e bidê ou balde. Minha vida é requentada como pão dormido e vem do microondas.
Estou lendo estorvo, indo ao médico com frequencia, pensando tanto quanto posso e querendo me desligar. Tem algum botão, você conhece? acabei de baixar um cd novo, vivo ouvindo uma música que diz sobre amores requentados e microondas. Eu gosto mesmo é do sotaque. Vai morar comigo no rio grande do sul um dia? dizem que lá faz frio e a gente nem precisa tirar a blusa.
Tem um resquício de criatividade dentro de mim que aparece enquanto eu tomo suco de maracujá com manga e leite. Manga com leite não mata e suco de maracujá com leite parece mousse. De repente, três idéias.
Acabou minha salsicha, não tive vontade de comer miojo, estou com saudades.
Comprei ingressos para o show do zeca baleiro. terei um sábado cheio desde a hora que eu acordar.
Precisava te contar que eu peguei um daqueles livros que você me recomendou. Hoje. Era o único que parecia interessante na biblioteca. Eu quase parei no machado de assis, mas chico buarque é minha eterna paixão. A gente é parecido.
é, eu sei que eu posso mais. Posso mais do que esses textos de menininha. Sei que posso mais coisas sérias e até quem sabe histórias de ficção com coisas escondidas. Só não ando com cabeça para. Estou indo dormir pensando em dormir amanhã a tarde, vai dar tempo.
Semana que vem tem strogonoff e a noite a gente pode comprar pizza, né pai?
Faz uma semana que eu não consigo dormir antes das três, vou aproveitar.
Essas vinhetas instrumentais no final de cada música estão me dando nos nervos. Está quente, dou um rim por um ar condicionado. Tô viciada em mate, tomando desde que acordo. Isso é só mais um dia na minha existência, eu te prometo ficar feliz e arrumar as minhas unhas, e parar de sentir saudades.
Prometo não perder a hora amanhã, também.
Agora boa noite, minha semana está acabando mas eu tenho um monte de planos pro resto da minha vida, você me disse que eu precisava de metas. Você sempre tem razão, mesmo depois de quase três anos.
Não dá pra desacreditar assim.
Boanoite. Foi só um post pra dar tempo do cd acabar.
Minha vida agora é mate, sorvete de flocos na casquinha, ar condicionado de shopping e bidê ou balde. Minha vida é requentada como pão dormido e vem do microondas.
22.10.08
A incrível história da volta do povo a prefeitura e um rostinho bonito ( e sacana) para validar.
Estou quase me tornando uma criatura apolítica. Sei que a política está em todos os lugares. Sei que o ônibus que você pega pra ir na faculdade é política, que os computadores que você usa na universidade é política, que o fato de eu ter um monte de professores despreparados é política. Mas estou perdendo o gosto. É triste, eu não tenho nem vinte anos e já perco o gosto. A pequena história da pequena grande cidade em que resido no norte do Paraná me faz ter vontade de não apertar mais botões, de não escolher mais candidatos, de não me pronunciar. Tenho um grito calado na garganta, uma indignação que me dói a alma. Tenho o cansaço de alguém que já viveu anos e diz que não quer mais. A grande diferença é que eu só vivi duas eleições. Essa é a primeira eleição para prefeito, e eu quero dizer chega.
A volta do povo a prefeitura não é algo novo. Há trinta anos ou mais, Getúlio Vargas já tentava ser o pai dos pobres, já tentava trazer o povo a presidência. O que ninguém percebia, é que povo nenhum estava governando. Povo nenhum chegaria a presidência nenhuma. E que Getúlio não queria nada mais que o poder total e supremo para ele. As coisas não mudaram muito. Em pequena Londres grandes feudos aqui e acolá ainda acredtam que o povo voltará a prefeitura. Acreditam que o pai dos pobres fará algo por eles. Depositam sua esperança numa nova grande instalação. Depositam sua esperança em promessas vazias de obras gigantes, milhões de empregos, vindas de empresas. Grandes promessas para um povo que nada tem. Grandes promessas para um povo que espera muito e se contenta com migalhas. Grandes promessas e ações de fachada, só pra validar. A volta do povo a prefeitura trará um Getúlio Londrinense sem ditadura alguma. Mas que assim como o velho, espera o poder total e irrestrito para ele próprio. Espera contemplar dinheiro de obras megalomânicas para ele mesmo. A volta do povo a prefeitura não conta com povo nenhum, apenas com interesses particulares.
É a quarta tentativa de governar pequena Londres. Nossa grande Londrina já passou por isso uma, duas, três vezes. Sendo a última traumática. A última terminando em dois anos e com o excelentíssimo senhor prefeito cassado, preso, saindo pela porta dos fundos do lugar onde foi colocado pelo povo. Saindo com ele 450 milhões de reais, mas esse não é o problema. Com esses 450 milhões de reais saem escolas, remédios, hospitais, segurança. Sai com ele a esperança de milhões de Londrinenses, a comida de milhões de londrinenses, a educação, a saúde, a moradia, o lazer e o transporte de milhões de Londrinenses. O que o excelentíssimo senhor roubou não é só o dinheiro de uma prefeitura, mas sim a dignidade de um povo que não consegue nem enxergar que foi roubado. Que ainda acredita nesse suposto pai. Que ainda deposita sua esperança, e um voto precioso no mesmo senhor que um dia lhes tirou sem só tudo que agora lhes está prometendo.
Qual é a função de um político? A função de um político não é ser uma entidade mágica. Um político não faz as coisas porque é bonzinho, ou porque se preocupa. Um político tem que exercer sua função. Se você paga um médico, você espera que o dinheiro que pagou pela consulta seja utilizado para curar a sua doença. Caso sua doença não seja curada, você muda de médico, ou mesmo o processa. A mesma coisa deve(ria) acontecer com um político. O político recebe para exercer suas funções. Recebe de mim, de você, dos nossos impostos. A função de um político é garantir o bem estar da população, é gerir uma cidade da melhor maneira possível. Roubar, mas fazer não é a função de um político. O simples roubar já desvalida a ação de fazer. Um político tem que cumprir sua função e nada mais do que isso. Um político é pago para que a cidade funcione, para que se construa hospitais, postos de saúde, para que se tenha remédios nos postos, asfalto nas ruas, vagas e professores nas escolas. Um político é, acima de tudo eleito para que o dinheiro seja utilizado apenas na cidade e não para seus próprios interesses. Você não perdoaria o sei médico se ele roubasse o seu dinheiro, mas curasse a sua doença.
A grande coisa sobre nossa pequena grande cidade, é que ninguém enxerga isso. A população foi roubada, mas lhe deixaram um grande hospital. O que não se pensa é que com o dinheiro desviado poderiam ser construídos dez hospitais como esse, ou mais. O roubo prejudica ainda mais a população mais pobre, o povo. O mesmo povo que espera voltar a prefeitura. O povo que fica sem hospitais, sem remédio, sem educação, sem moradia e não se dá conta disso. Não se dpa conta disso porque vê seu nome estampado no hoarário eleitoral. Porque recebe um abraço, porque recebe um asfalto, uma cesta básica. Porque se acostumou com migalhas, porque está carente de atenção. Porque acredita piamente na primeira pessoa que diz se preocupar com eles, falsamente, mas diz. Nossa pequena Londres está sendo enganada de novo. Nossa pequena Londres vai depositar sua confiança numa volta de mentira. Numa volta de povo sem povo. Numa volta vazia de povo e cheia de individualismos baratos e feios. A volta do povo a prefeitura não vai custar caro pra ninguém, senão o próprio povo.
Já senti vergonha da pequena Londres em que resido, sinto indignação a cada vez que o rostinho bonito antes neutro aparece dizendo que apoia o nosso ilustre candidato por amor a cidade. Todos sabemos que esse também só tem amor a si próprio. Que amor é esse pela cidade que quer voltar o homem que nos roubou dinheiro e progresso? que tirou da boca das donas Helenas e Marias tão citadas e abraçadas o direito a uma cidade melhor, um hospital, uma nova escola? Que amor é esse por Londrina que apoia o mesmo senhor que há anos atrás foi preso e cassado? Isso não é amor, isso é interesse, é barganha, é uma coisa sem nome. É falta de caráter de uma pessoa que não tem as posições firmes, que ontem afirmava neutralidade e hoje afirma um apoio por um falso amor por Londrina. De você, só sobra um rostinho bonito e cínico que não deve amar ninguém além do próprio bolso.
Hoje, além de indignação sinto pena. Sinto pena do povo que acredita no seu falso pai e no rosto bonito que entra nas suas casas. Sinto pena da esperança depositada em alguém que nunca lhes fez nada, só lhes deu migalhas. Sinto pena da senhora que andará quilômetros e apertará dois números repetidos acreditando na mentira que aparece falada e contada depois de dois bipes, por um senhor que se aproveita do povo que diz que trará de volta à prefeitura e quando lá estiver lhes jogará fora, se aproveitará deles e embolsará Deus sabe mais quantos hospitais, escolas, merendas e esperanças de marias e josés.
Minha pequena e amada Londrina, sinto pena de você. Sinto vergonha e sinto o casaço ancestral. Mais que isso sinto medo. Sinto medo de acordar e lhe ver de novo nos braços de quem não lhe merece, por mais quatro anos. Clamo por você, clamo que abram os olhos desses que aqui moram. Porque com a volta desse, povo nenhum voltará a prefeitura. Mas todo o povo com certeza padecerá, e sem mesmo se dar conta disso.
Acorda, Londrina.
Só nós podemos mudar essa realidade. Eu não quero desistir logo na primeira tentativa. Já não é cruel, é só triste.
A volta do povo a prefeitura não é algo novo. Há trinta anos ou mais, Getúlio Vargas já tentava ser o pai dos pobres, já tentava trazer o povo a presidência. O que ninguém percebia, é que povo nenhum estava governando. Povo nenhum chegaria a presidência nenhuma. E que Getúlio não queria nada mais que o poder total e supremo para ele. As coisas não mudaram muito. Em pequena Londres grandes feudos aqui e acolá ainda acredtam que o povo voltará a prefeitura. Acreditam que o pai dos pobres fará algo por eles. Depositam sua esperança numa nova grande instalação. Depositam sua esperança em promessas vazias de obras gigantes, milhões de empregos, vindas de empresas. Grandes promessas para um povo que nada tem. Grandes promessas para um povo que espera muito e se contenta com migalhas. Grandes promessas e ações de fachada, só pra validar. A volta do povo a prefeitura trará um Getúlio Londrinense sem ditadura alguma. Mas que assim como o velho, espera o poder total e irrestrito para ele próprio. Espera contemplar dinheiro de obras megalomânicas para ele mesmo. A volta do povo a prefeitura não conta com povo nenhum, apenas com interesses particulares.
É a quarta tentativa de governar pequena Londres. Nossa grande Londrina já passou por isso uma, duas, três vezes. Sendo a última traumática. A última terminando em dois anos e com o excelentíssimo senhor prefeito cassado, preso, saindo pela porta dos fundos do lugar onde foi colocado pelo povo. Saindo com ele 450 milhões de reais, mas esse não é o problema. Com esses 450 milhões de reais saem escolas, remédios, hospitais, segurança. Sai com ele a esperança de milhões de Londrinenses, a comida de milhões de londrinenses, a educação, a saúde, a moradia, o lazer e o transporte de milhões de Londrinenses. O que o excelentíssimo senhor roubou não é só o dinheiro de uma prefeitura, mas sim a dignidade de um povo que não consegue nem enxergar que foi roubado. Que ainda acredita nesse suposto pai. Que ainda deposita sua esperança, e um voto precioso no mesmo senhor que um dia lhes tirou sem só tudo que agora lhes está prometendo.
Qual é a função de um político? A função de um político não é ser uma entidade mágica. Um político não faz as coisas porque é bonzinho, ou porque se preocupa. Um político tem que exercer sua função. Se você paga um médico, você espera que o dinheiro que pagou pela consulta seja utilizado para curar a sua doença. Caso sua doença não seja curada, você muda de médico, ou mesmo o processa. A mesma coisa deve(ria) acontecer com um político. O político recebe para exercer suas funções. Recebe de mim, de você, dos nossos impostos. A função de um político é garantir o bem estar da população, é gerir uma cidade da melhor maneira possível. Roubar, mas fazer não é a função de um político. O simples roubar já desvalida a ação de fazer. Um político tem que cumprir sua função e nada mais do que isso. Um político é pago para que a cidade funcione, para que se construa hospitais, postos de saúde, para que se tenha remédios nos postos, asfalto nas ruas, vagas e professores nas escolas. Um político é, acima de tudo eleito para que o dinheiro seja utilizado apenas na cidade e não para seus próprios interesses. Você não perdoaria o sei médico se ele roubasse o seu dinheiro, mas curasse a sua doença.
A grande coisa sobre nossa pequena grande cidade, é que ninguém enxerga isso. A população foi roubada, mas lhe deixaram um grande hospital. O que não se pensa é que com o dinheiro desviado poderiam ser construídos dez hospitais como esse, ou mais. O roubo prejudica ainda mais a população mais pobre, o povo. O mesmo povo que espera voltar a prefeitura. O povo que fica sem hospitais, sem remédio, sem educação, sem moradia e não se dá conta disso. Não se dpa conta disso porque vê seu nome estampado no hoarário eleitoral. Porque recebe um abraço, porque recebe um asfalto, uma cesta básica. Porque se acostumou com migalhas, porque está carente de atenção. Porque acredita piamente na primeira pessoa que diz se preocupar com eles, falsamente, mas diz. Nossa pequena Londres está sendo enganada de novo. Nossa pequena Londres vai depositar sua confiança numa volta de mentira. Numa volta de povo sem povo. Numa volta vazia de povo e cheia de individualismos baratos e feios. A volta do povo a prefeitura não vai custar caro pra ninguém, senão o próprio povo.
Já senti vergonha da pequena Londres em que resido, sinto indignação a cada vez que o rostinho bonito antes neutro aparece dizendo que apoia o nosso ilustre candidato por amor a cidade. Todos sabemos que esse também só tem amor a si próprio. Que amor é esse pela cidade que quer voltar o homem que nos roubou dinheiro e progresso? que tirou da boca das donas Helenas e Marias tão citadas e abraçadas o direito a uma cidade melhor, um hospital, uma nova escola? Que amor é esse por Londrina que apoia o mesmo senhor que há anos atrás foi preso e cassado? Isso não é amor, isso é interesse, é barganha, é uma coisa sem nome. É falta de caráter de uma pessoa que não tem as posições firmes, que ontem afirmava neutralidade e hoje afirma um apoio por um falso amor por Londrina. De você, só sobra um rostinho bonito e cínico que não deve amar ninguém além do próprio bolso.
Hoje, além de indignação sinto pena. Sinto pena do povo que acredita no seu falso pai e no rosto bonito que entra nas suas casas. Sinto pena da esperança depositada em alguém que nunca lhes fez nada, só lhes deu migalhas. Sinto pena da senhora que andará quilômetros e apertará dois números repetidos acreditando na mentira que aparece falada e contada depois de dois bipes, por um senhor que se aproveita do povo que diz que trará de volta à prefeitura e quando lá estiver lhes jogará fora, se aproveitará deles e embolsará Deus sabe mais quantos hospitais, escolas, merendas e esperanças de marias e josés.
Minha pequena e amada Londrina, sinto pena de você. Sinto vergonha e sinto o casaço ancestral. Mais que isso sinto medo. Sinto medo de acordar e lhe ver de novo nos braços de quem não lhe merece, por mais quatro anos. Clamo por você, clamo que abram os olhos desses que aqui moram. Porque com a volta desse, povo nenhum voltará a prefeitura. Mas todo o povo com certeza padecerá, e sem mesmo se dar conta disso.
Acorda, Londrina.
Só nós podemos mudar essa realidade. Eu não quero desistir logo na primeira tentativa. Já não é cruel, é só triste.
15.10.08
Porque ( é esse porque que usa?) hoje foi um dia essencialmente de saudades.
Onde foi que a gente foi se perder?
Faz calor. Qualquer ser humano em pleno estado de consciência odeia esse tempo. Qualquer ser humano fica imprestável. Qualquer ser humano fica sedento por banhos e copos de água, e não de coca cola, que loucura. Seres humanos como eu, aproveitam o ar condicionado do shopping e tomam coca.
Não sozinha. Isso de não ter companhia é deprimente principalmente em dias calorentos, sudorentos, febris (ainda) e com pessoas devorando batatas recheadas com pouco recheio por todos os lados. Eu só senti saudades, o dia todo, a conversa toda. Eu só conseguia tentar me lembrar ondeéqueagentefoiseperder.
Eu não sei. Não sei o dia exato, não sei a sucessão dos fatos. Mas primeiro foram vocês dois. De jantares semanais com baralho à nada. Tudo virou nada, nenhum contato, nenhum telefonema e raproximações sem sucesso. A gente se perdeu, eu não sei onde, eu não sei como nem quando. Mas parece não ter mais volta. Nem panquecas com frango, duas garrafas de coca cola, carrot cake and wine, jogos de menino, proteção dos meninos, filmes de meninos e visitas persistentes e necessárias, com pipoca. A gente perdeu. Isso ficou ali, guardado na minha sala junto com as músicas bregas que a gente nunca mais cantou. Ficaram as saudades. Acho que a gente já se perdeu demais pra poder voltar. Eu acho que eu quero estar tão errada que chegue a ser feio.
E depois foi você, dadas as sucessões dos fatos, eu não sei que dia, que dia depois dela que a gente nunca mais trocou mais do que oi. Eu gosto tanto de você. Sabe, é daqueles amigos que eu queria pro resto da minha vida. Eu gosto das conversas e das preocupações provocações e eu odeio o seu jeito ridículo de se portar diante dos fatos, eu odiava resolver seus problemas, suas posturas infantis, seu ar superior, as infantilidades e as piadas sem graça e é de tudo isso que eu sinto saudades. A gente ainda não se perdeu. E eu fico colocando bandeirinhas brancas e fico pensando que não podia e não vai poder acabar assim, não por isso, por aquilo, por essas coisas bobas que não levam ninguém a lugar nenhum. Não porque a minha vida era uma chiquititas e porque alguma coisa ficou podre ali no meio e eu nem tinha nada a ver com isso. Eu fiquei pensando que tem volta, tem que ter volta, não faz sentido. Amizades não se acabam assim, no meio do nada, por nada, não é possível. Eu não quero que seja. Cansei de perder pessoas por não fazer manutenção.
Isso é só o que eu lembro hoje, mas as coisas foram se perdendo, eu fui me perdendo, a gente foi se perdendo. Sobrou a gente ali, duas coca colas, bolachas de chocolate e conversas sem fim sobre como a vida é meio boba e sem sentido. Sobre como é que a gente foi se perder deles, dele, de todo mundo. De como não existem mais tardes de sexta feira felizes, de como os sábados vêm sendo trocados por outros programas com outras pessoas e a gente ficou. A gente ficou ali, dois velhos de vinte anos reclamando que a vida já foi melhor, as sextas feiras mais felizes e os sábados mais cheios. Reclamando que a gente nunca mais fez comentários sobre como um pouco de bacon pode custar 1,20 e isso é um absurdo, reclamando porque deve fazer meses desde o último macarrão e a gente nem lembra quando e porque direito a gente foi se perder. Mas a gente se perdeu, um dia, foi gradativo. A gente só espera que tenha volta, porque esperança é nosso vício, sempre foi e acabar é normal na minha e na sua vida, só que não faz mais sentido, não tem razão de ser, enjoou.
Entre as outras saudades a necessidade do estar junto ali, fisicamente, beijos, abraços, colo e conversa de perto. Loucura, ainda sinto seu cheiro, seu gosto, seu beijo. Cada parte dessa casa e de mim tem um pedaço seu. Já me imaginou estar descontrolada? Eu, assim, saudades invadindo e não é como se fosse ruim. É só saber que certa presença é necessária, precisa, quase que impressíndivel e que deixar você ir embora vai ser cada vez mais difícil, mas tudo bem, estamos chegando cada dia mais perto, ainda que a passos lentos do dia que você não vai embora e nem eu vou. A gente eu sei que não está se perdendo, não vai se perder, não agora. Eu não quero, não deixo, eu te aperto forte, eu faço você ficar, eu te amo tanto tanto e isso é meio novo pra mim. é sempre assim, uma semana de " eu não gosto quando você vai embora". Eu nunca vou gostar. Mas bagunçaram o tempo-espaço e eu acostumo, o importante é a gente ter se conhecido, o importante é a gente não ter se perdido do caminho certo e ter se encontrado. O importante é eu, fora do prumo, do jeito, um pouco menos racional, mas nunca tão feliz, eu só te amo, você eu não perco.
É só um dia de saudades, perdas, coca-cola, chocolate, muito calor e um pouco de manha pra fazer passar. Mas essencialmente, saudades.
Faz calor. Qualquer ser humano em pleno estado de consciência odeia esse tempo. Qualquer ser humano fica imprestável. Qualquer ser humano fica sedento por banhos e copos de água, e não de coca cola, que loucura. Seres humanos como eu, aproveitam o ar condicionado do shopping e tomam coca.
Não sozinha. Isso de não ter companhia é deprimente principalmente em dias calorentos, sudorentos, febris (ainda) e com pessoas devorando batatas recheadas com pouco recheio por todos os lados. Eu só senti saudades, o dia todo, a conversa toda. Eu só conseguia tentar me lembrar ondeéqueagentefoiseperder.
Eu não sei. Não sei o dia exato, não sei a sucessão dos fatos. Mas primeiro foram vocês dois. De jantares semanais com baralho à nada. Tudo virou nada, nenhum contato, nenhum telefonema e raproximações sem sucesso. A gente se perdeu, eu não sei onde, eu não sei como nem quando. Mas parece não ter mais volta. Nem panquecas com frango, duas garrafas de coca cola, carrot cake and wine, jogos de menino, proteção dos meninos, filmes de meninos e visitas persistentes e necessárias, com pipoca. A gente perdeu. Isso ficou ali, guardado na minha sala junto com as músicas bregas que a gente nunca mais cantou. Ficaram as saudades. Acho que a gente já se perdeu demais pra poder voltar. Eu acho que eu quero estar tão errada que chegue a ser feio.
E depois foi você, dadas as sucessões dos fatos, eu não sei que dia, que dia depois dela que a gente nunca mais trocou mais do que oi. Eu gosto tanto de você. Sabe, é daqueles amigos que eu queria pro resto da minha vida. Eu gosto das conversas e das preocupações provocações e eu odeio o seu jeito ridículo de se portar diante dos fatos, eu odiava resolver seus problemas, suas posturas infantis, seu ar superior, as infantilidades e as piadas sem graça e é de tudo isso que eu sinto saudades. A gente ainda não se perdeu. E eu fico colocando bandeirinhas brancas e fico pensando que não podia e não vai poder acabar assim, não por isso, por aquilo, por essas coisas bobas que não levam ninguém a lugar nenhum. Não porque a minha vida era uma chiquititas e porque alguma coisa ficou podre ali no meio e eu nem tinha nada a ver com isso. Eu fiquei pensando que tem volta, tem que ter volta, não faz sentido. Amizades não se acabam assim, no meio do nada, por nada, não é possível. Eu não quero que seja. Cansei de perder pessoas por não fazer manutenção.
Isso é só o que eu lembro hoje, mas as coisas foram se perdendo, eu fui me perdendo, a gente foi se perdendo. Sobrou a gente ali, duas coca colas, bolachas de chocolate e conversas sem fim sobre como a vida é meio boba e sem sentido. Sobre como é que a gente foi se perder deles, dele, de todo mundo. De como não existem mais tardes de sexta feira felizes, de como os sábados vêm sendo trocados por outros programas com outras pessoas e a gente ficou. A gente ficou ali, dois velhos de vinte anos reclamando que a vida já foi melhor, as sextas feiras mais felizes e os sábados mais cheios. Reclamando que a gente nunca mais fez comentários sobre como um pouco de bacon pode custar 1,20 e isso é um absurdo, reclamando porque deve fazer meses desde o último macarrão e a gente nem lembra quando e porque direito a gente foi se perder. Mas a gente se perdeu, um dia, foi gradativo. A gente só espera que tenha volta, porque esperança é nosso vício, sempre foi e acabar é normal na minha e na sua vida, só que não faz mais sentido, não tem razão de ser, enjoou.
Entre as outras saudades a necessidade do estar junto ali, fisicamente, beijos, abraços, colo e conversa de perto. Loucura, ainda sinto seu cheiro, seu gosto, seu beijo. Cada parte dessa casa e de mim tem um pedaço seu. Já me imaginou estar descontrolada? Eu, assim, saudades invadindo e não é como se fosse ruim. É só saber que certa presença é necessária, precisa, quase que impressíndivel e que deixar você ir embora vai ser cada vez mais difícil, mas tudo bem, estamos chegando cada dia mais perto, ainda que a passos lentos do dia que você não vai embora e nem eu vou. A gente eu sei que não está se perdendo, não vai se perder, não agora. Eu não quero, não deixo, eu te aperto forte, eu faço você ficar, eu te amo tanto tanto e isso é meio novo pra mim. é sempre assim, uma semana de " eu não gosto quando você vai embora". Eu nunca vou gostar. Mas bagunçaram o tempo-espaço e eu acostumo, o importante é a gente ter se conhecido, o importante é a gente não ter se perdido do caminho certo e ter se encontrado. O importante é eu, fora do prumo, do jeito, um pouco menos racional, mas nunca tão feliz, eu só te amo, você eu não perco.
É só um dia de saudades, perdas, coca-cola, chocolate, muito calor e um pouco de manha pra fazer passar. Mas essencialmente, saudades.
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