" Você trata muito mal sua menina, um dia ela vai puxar o carro. De sua barba mal feita, seu catarro. Um dia ela vai encher o saco. Você trata muito mal sua princesa, um dia ela vai virar a mesa. Seu olhar só vê o seu umbigo. Um dia ela vai ficar comigo.
Você olha para ela com desprezo, como um déspota destrata uma empregada. Das grades do orgulho onde está preso, você maltrata a sua namorada. Seu terno engomado, seu perfume, seu tédio, seu remédio digestivo, seu eterno pesadelo de ciúme. Um dia desses ela vai te dar motivo. E ficar comigo. E ficar comigo sim. Vai ficar comigo. Vai ficar comigo só.
Você trata muito mal sua pequena, um dia ela vai sair de cena. E o remorso vai te torturar sem pena, quando a vir ao meu lado no cinema. Você trata muito mal o seu amor, não rega com carinho a sua flor. Depois de ver o que você já fez, com certeza ela vai sumir de vez. Vai sumir comigo. Vai fugir comigo. Vai sumir comigo sim.
Vai ficar comigo. Ficar só comigo. E você vai ficar só. "
(Arnaldo Antunes - Sua menina)
E se fosse simples como diz arnaldo, seria um clic. Mas não é. E o que é o amor senão uma peça em que as pessoas de despem do orgulho antes de entrar em cena e empalidecem na sacada esperando alguém que (quem sabe ) nem vai voltar, de braços abertos e mals de alzhaimer, esquecendo tudo e prontos pra começar (tudo) outra vez. Apegados apenas a (in)certeza de serem felizes, imensamente felizes. E amarem. Tanto. E só.
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