Faz mais ou menos um mês que eu não posto um texto recente. O resto é requentado como pão dormido, e vem do microondas - como já diria o bidê ou balde. O último escrito na data de publicação também tinha título de música e falava de bêbados, equilibristas e amores-que-se-foram. Desde então, nada que foi produzido foi escrito na data de publicação. Alguns tinham sido escritos meses antes, outros até anos, tudo ali, perdido na pastinha de "textos" que ostento desde os dezessete anos. Sentimentos velhos pareciam me cair bem, ou nem caiam, eu só queria que esse blog continuasse tendo uma voz. É preciso olhar pra trás se a gente quiser entender o futuro, ou o presente. Certa vez, escrevi em uma dessas dissertações de vestibular, que é preciso que um país entenda a sua história se não quiser continuar cometendo os mesmos erros. Foi o que eu fiz: abri de novo a pastinha de textos, reli textos antigos, postei de novo, criei um relicário. Por vezes, nas tardes em que não tinha nada pra fazer, relia o blog. Percebia que muitas coisas mudaram, outras nem tanto; percebi que tinha cometido erros terríveis, alguns acertos, algumas felicidades, algumas tristezas, momentos de depressão e momentos de euforia. Tudo passou, como deve de ser tudo. Algumas pessoas chegaram, outras voltaram, outras foram embora de vez, e tudo fez parte do grande clichê que compõe a vida. Vocês sabem; erros, acertos, tombos, tropeços, se reerguer, tentar de novo, o recomeço - sempre o recomeço. Depois de algum tempo de hiato, volto com um texto falando de mim. Não me preocupo com meu ex namorado que não soube amar, com o cara que me deixou no fundo do poço, com qualquer outro que seja que tem ou não lugar cativo na minha vida. O texto é sobre mim, sem eu-lírico, apenas sobre mim. Não existe conversa no bar, vitrola tocando Bob Dylan, cookies, saudades de quando aquele outro grande amor me levava pela mão nessa Londrina escura pra tomar sorvete às duas da manhã e depois assistir lost. Não tem metáfora. Eu, primeira pessoa do singular, me li e me reli e descobri uma coisa importante: não tenho sobre o que escrever que não seja eu mesma. É isso. Minha vida é sobre mim. Sem romance, sem diálogo imaginado que não consigo dizer pro querido par amoroso, sem vontade de tirar alguém pra dançar desajeitadamente. Até há, aqui e ali, uma expectativa que algo dê certo, mas não. Não isso. Sem texto, sem lirismo, sem poesia sem falar: amor. Pela primeira vez não vejo sentido em continuar um blog, não quero falar sobre ninguém escondendo o nome, não quero que ninguém ache os meus textos e pergunte: "era pra mim?". Quero, talvez, e só talvez, a calmaria das noites de verdade com cerveja ou não, com coca cola ou não, com conversa ou não. Me foco no que dá. Bauman criticando nossa sociedade louca, meus sites de resultados de loteria, nas músicas que ouço à tarde, nos meus textos malfeitos sobre tecnologia & sociedade. O profissional invadiu de vez qualquer espaço que eu deixava sobrando pra receber mensagem no celular, porque antes já tinha sido demais assim, e olha no que deu: fracasso. E de fracasso, meus amores, eu entendo tanto e tão bem que não quero viver nele de novo. Deu, passou, não espero que ninguém me ligue desejando bom dia e me contento recebendo um elogio que diz que meu último texto ficou ótimo. É assim porque tem que ser. Do amor, deixo o arnaldo antunes falar: não sirvo pra quem dá conselho, perdi o espelho, quebrei o joelho:
não vou mais jogar (nem postar)
Fechamos pra balanço e vamos estudar física quântica, criar uma planta, inventar uma nova dança no meio do meu quarto, passar vergonha em público, escrever a nova tese libertadora sobre o advento da tecnologia. Qualquer coisa, qualquer coisa menos escrever sobre amor e querer desesperadamente ter um. Sentir, já diria alberto caeeiro, é estar distraído.
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