29.4.10
Your spot.
Se pelo menos eu soubesse sentar em algum outro lugar do sofá que não esse eu saberia maquiar a vontade de te ter ao meu lado em peito pra encostar, em olhos perdidos no horizonte e em saudade. Saudades que me vêm, me voltam assim como qualquer coisa dessas, banal, no meio de músicas que nunca tiveram a ver com a gente, no meio de coisas que nunca foram nossas e no meio de sentimentos que eu achei já ter esquecido. Se pelo menos eu soubesse sentar em outro lugar no sofá que não esse eu esqueceria que eu vivo guardando um lugar na sala - e no coração - pra quando você resolver voltar.
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Amor,
Ausência,
distância,
Tudo que eu queria te dizer
26.4.10
23.4.10
Olhar pro sol só ver janela e cortina?
p/ A: e quando eu penso em nós dois juntos e naquela certeza imensa de que seria pra sempre eu fico pensando nos seus olhos verdes nos meus olhos castanhos e em todas as basteiras que eu comecei a gostar por sua causa, e as não besteiras também. eu fico pensando na estranha divisão de dias de aniversário que durariam pra sempre e sempre e aí viriam os filhos e as comemorações conjuntas. a gente parecia tão bonito junto, tão certo. tudo isso e eu tinha treze anos e você também e a gente não sabe nada quando tem treze anos. eu sabia de você, você sentado na minha frente rindo e contando besteiras e você tendo dores de cabeça todos os dias, e os não dias também. e eu lembro de me preocupar tanto tanto, sem saber que se podia um dia se preocupar tanto tanto com alguém. mas me preocupei, e tem tanto de você em mim, mais do que você possa um dia imaginar. e vai ter, vai ter pra sempre que eu sei. mesmo que seja de dia dez em dia dez " ah, você mudou tanto e eu sentia tantas saudades suas". agora não sinto mais, ou até sinto, mas não daquelejeitoqueeraantes. eu não acho que a gente vai se encontrar na rua depois de dez anos, os meus olhos castanhos nos seus olhos verdes, porque nosso amor se perdeu há anos junto com aquele desenho que eu copiei pra você daqueles personagens que as crianças de hoje nem sabem que existem. (foi quando amei na sexta série, aos treze)
p/E: eu fico pensando que já fazem cinco anos, quase. e isso é toda a sua faculdade e isso é tantotanto tempo, mas eu olho nos seus olhos de jaboticaba e acho que foi ontem que eu me encantei pelos seus cachos caídos no seu rosto, sem saber porque. e é assim porque a gente não muda, a gente vive se encontrando de olhos no chão e sua bolsa nem mudou, nem meu all-star. eu nunca soube o que era nós dois, nós dois existimos sem existir se é que isso é possível. eu e você é uma coisa tão maior que eu acho que se um dia eu encostar eu quebro, e eu prefiro deixar assim, imaginado. nossos olhos e cabelos castanhos e as mesmas roupas e alguma coisa sobre baleias e baleiros que você nem sabia que eu sabia de você, mas eu sei. assim como eu acho que você sabe tanto sobre mim que eu não posso nem pensar, mas fica ali, escrito, naqueles olhos que me voltam cinco anos atrás, e temos catorze-dezesseis e eu sou de novo, inexperiente, sem saber lidar com tudo aquilo que podia ter sido e não foi. mas de você eu tenho tudo e tanto. eu tenho a saudade mais bonita de todas as saudades bonitas que podem existir ainda que se passem mais cinco vezes dez anos e eu nem consiga lembrar que laranja e azul não combina nada, mas em você fica sempre bem.( Foi quando amei na o cara do segundo colegial, na oitava série, aos catorze)
p/R: de você eu nem lembro nada, amor nem era. o que eu sentia por você era só a beleza do contraste dos olhos azuis tão lindos com meus olhos castanhos estranhos e sem jeito. eu nunca pensei, você já pensou a gente junto? eu pensava e despensava logo em seguida, porque eu queria era ter você aqui pra mim mais que como um troféu, umas águas-marinhas bonitas do meu lado, porque eu sempre fui uma pedra sem nome. o que eu lembro de você são 6.58, as coisas que eu estraguei sem querer e mais uns vários copos de coca na escada, enquanto você aparecia sem eu perceber, assim com a gente acabou: despercebido. (Foi quando amei o menino de olhos azuis da sala do lado, aos quinze).
p/S quando eu era tudo pra você eu fazia questão de fingir que você não era nada pra mim, porque uma menina-como-eu nunca ficaria com um-cara-como-você, o que era a mais tremenda mentira do universo. um cara-como-você era tudo o que uma menina-como-eu queria, mas eu nunca admitiria isso. seu amor por mim era bonito, mas era quieto. era eu aqui e você ali e aqueles seus cabelos compridos com sotaque engraçado. eu já gostei muito muito de você, amor eu não sei. o que eu gostava mesmo era o contraste dos meus cabelos pretos com os seus cabelos loiros, enquanto as nossas jaquetas e tênis faziam par completo. mas quando você era tudo pra mim, eu já não era mais nada pra você e a gente acabou, assim, perdido. a gente tinha tantotanto pra dar certo e a gente deu errado por causa do nosso orgulho bobo, a gente era igual demais pra dar as mãos e sair correndo por aí, bilinguemente com capuzes na cabeça. e eu que ficava gritando yo tengo tanto miedo de perderte, perdi, e aún que te llames, no volverás. assim como yo tambíen no volverei e ficamos suspensos, perdidos no espaço enquanto você fica comigo no escuro me cuidando só pra esperar eu ir embora pra não voltar mais, ( acho que) nunca mais. (Foi quando amei o menino de sotaque engraçado, stalker, da sala da frente, aos dezesseis)
p/L: tem tanta coisa nossa jogada por aí, que vez ou outra eu esbarro com uma coisa que eu escrevi pra você ou uma foto que eu tirei pra você, ou uma noite que você me telefonou e foi aquela bagunça enorme. eu fico sempre pensando em você me desejando feliz ano novo, toda vez, toda vez mesmo, porque eu me lembro de você dizendo que aquele era o nosso ano e dois meses depois a gente acabou. mas tudo acaba, e lembra aquele poema do vinícius? o amor de tão forte tornou tudo tão frágil... mas as vezes eu me pego pensando nas suas pequenas delicadezas e seus sonhos infantis e em tantos planos e naquelas suas promessas tão bonitas de me deixar descançar no fim de semana. de cabelos brancos, de sermos lindos lindos ainda que se passasem trezentos anos e seus olhos verdes e meus cabelos castanhos fizesssem companhia pras nossas rugas. penso nos nossos futuros filhos e nas pequenas coisas que se perderam mas que foram tantotanto naquele tempo e até que acho que a gente foi feliz porque você me deu tanta força quando eu precisei. e se não fosse por você eu juro, eu não estaria aqui. e que loucura, porque foi justamente isso que nos fez perceber que a gente não tinha jeito. e você disse que um dia eu ia te entender, hoje eu te entendo e de coração eu espero que você seja feliz, sabe? acontece, e quem saberia? mas eu não te adorava só não, eu te amava sim, eu calei isso tantas vezes. e a gente foi tão bonito juntos, mas a gente se perdeu no meio dos planos meio que olhando pro céu, sem perceber. a nossa felicidade estava no chão. e a gente esqueceu boba e infantilmente de tentar pegá-la. ( Foi quando amei o irmão da minha melhor amiga, aos dezessete)
p/ T: eu nunca fui sua, mas você ainda é meu. Queria te guardar numa dessas caixinhas e abrir de vez em quando pra você me fazer rir com essa brincadeira de ser prepotente, pequeno gênio incompreendido. Nunca fomos. Não chegamos a. desisti, saí correndo, copos pelo chão e você nem precisou de explicações. Acordo mútuo entre bons amigos que sempre fomos, antes mesmo de querermos um dia, quem saber - ser. ser aquilo, bonito, duas pessoas solteiras, dois traumas passados, um novo-amor-quem-sabe-ele-é-tão-legal. um-novo-amor-quem-sabe-ela-é-tão-divertida. Te quero longe e muito perto. Minha dualidade necessária, garoto-problema predileto, aquele que eu adoro ignorar entre piadas em graça, coisas que são só suas e gostos que são só nossos. Criança grande, sonhador perdido, abraço alto, pra eu por um dia que seja me sentir quase pequenina. Adoro suas risadas altas, daquele jeito. adoro a sua total falta de jeito e a não cordialidade quase que ensaiada que vive flertando comigo. quase finjo ignorar sua mania de estar assim, como se sempre estivesse e tudo fosse seu. te gosto tanto tanto tanto e tantos tanto quiseres. te cuido. te guardo. me preocupo mais do que deveria e adoro. me fazes sorrir. tu talvez nunca mais seja meu. mas eu sempre serei sua. (foi quando amei o cara da faculdade, aos dezoito - quase dezenove e depois aos vinte, quase vinte um)
Foi só pra dizer que eu já fui tão tão cheia de amor e tão tão feliz. E ainda sou tão cheia de amor e tão tão feliz. E aos que não estão aqui, ainda estão vivos e não viraram parágrafos. São, existem e vivem. Dentro, para muitos e muitos textos. E pra muito mais vida que literatura - no meu coração fiz um lar, meu coração é o teu lar. E de que me adianta tanta mobilia se você não está comigo? (hoje) só é possível, te amar. Que a vida é feita de amores e a minha - sempre tão repleta deles - transbordou. E transborda.
p/E: eu fico pensando que já fazem cinco anos, quase. e isso é toda a sua faculdade e isso é tantotanto tempo, mas eu olho nos seus olhos de jaboticaba e acho que foi ontem que eu me encantei pelos seus cachos caídos no seu rosto, sem saber porque. e é assim porque a gente não muda, a gente vive se encontrando de olhos no chão e sua bolsa nem mudou, nem meu all-star. eu nunca soube o que era nós dois, nós dois existimos sem existir se é que isso é possível. eu e você é uma coisa tão maior que eu acho que se um dia eu encostar eu quebro, e eu prefiro deixar assim, imaginado. nossos olhos e cabelos castanhos e as mesmas roupas e alguma coisa sobre baleias e baleiros que você nem sabia que eu sabia de você, mas eu sei. assim como eu acho que você sabe tanto sobre mim que eu não posso nem pensar, mas fica ali, escrito, naqueles olhos que me voltam cinco anos atrás, e temos catorze-dezesseis e eu sou de novo, inexperiente, sem saber lidar com tudo aquilo que podia ter sido e não foi. mas de você eu tenho tudo e tanto. eu tenho a saudade mais bonita de todas as saudades bonitas que podem existir ainda que se passem mais cinco vezes dez anos e eu nem consiga lembrar que laranja e azul não combina nada, mas em você fica sempre bem.( Foi quando amei na o cara do segundo colegial, na oitava série, aos catorze)
p/R: de você eu nem lembro nada, amor nem era. o que eu sentia por você era só a beleza do contraste dos olhos azuis tão lindos com meus olhos castanhos estranhos e sem jeito. eu nunca pensei, você já pensou a gente junto? eu pensava e despensava logo em seguida, porque eu queria era ter você aqui pra mim mais que como um troféu, umas águas-marinhas bonitas do meu lado, porque eu sempre fui uma pedra sem nome. o que eu lembro de você são 6.58, as coisas que eu estraguei sem querer e mais uns vários copos de coca na escada, enquanto você aparecia sem eu perceber, assim com a gente acabou: despercebido. (Foi quando amei o menino de olhos azuis da sala do lado, aos quinze).
p/S quando eu era tudo pra você eu fazia questão de fingir que você não era nada pra mim, porque uma menina-como-eu nunca ficaria com um-cara-como-você, o que era a mais tremenda mentira do universo. um cara-como-você era tudo o que uma menina-como-eu queria, mas eu nunca admitiria isso. seu amor por mim era bonito, mas era quieto. era eu aqui e você ali e aqueles seus cabelos compridos com sotaque engraçado. eu já gostei muito muito de você, amor eu não sei. o que eu gostava mesmo era o contraste dos meus cabelos pretos com os seus cabelos loiros, enquanto as nossas jaquetas e tênis faziam par completo. mas quando você era tudo pra mim, eu já não era mais nada pra você e a gente acabou, assim, perdido. a gente tinha tantotanto pra dar certo e a gente deu errado por causa do nosso orgulho bobo, a gente era igual demais pra dar as mãos e sair correndo por aí, bilinguemente com capuzes na cabeça. e eu que ficava gritando yo tengo tanto miedo de perderte, perdi, e aún que te llames, no volverás. assim como yo tambíen no volverei e ficamos suspensos, perdidos no espaço enquanto você fica comigo no escuro me cuidando só pra esperar eu ir embora pra não voltar mais, ( acho que) nunca mais. (Foi quando amei o menino de sotaque engraçado, stalker, da sala da frente, aos dezesseis)
p/L: tem tanta coisa nossa jogada por aí, que vez ou outra eu esbarro com uma coisa que eu escrevi pra você ou uma foto que eu tirei pra você, ou uma noite que você me telefonou e foi aquela bagunça enorme. eu fico sempre pensando em você me desejando feliz ano novo, toda vez, toda vez mesmo, porque eu me lembro de você dizendo que aquele era o nosso ano e dois meses depois a gente acabou. mas tudo acaba, e lembra aquele poema do vinícius? o amor de tão forte tornou tudo tão frágil... mas as vezes eu me pego pensando nas suas pequenas delicadezas e seus sonhos infantis e em tantos planos e naquelas suas promessas tão bonitas de me deixar descançar no fim de semana. de cabelos brancos, de sermos lindos lindos ainda que se passasem trezentos anos e seus olhos verdes e meus cabelos castanhos fizesssem companhia pras nossas rugas. penso nos nossos futuros filhos e nas pequenas coisas que se perderam mas que foram tantotanto naquele tempo e até que acho que a gente foi feliz porque você me deu tanta força quando eu precisei. e se não fosse por você eu juro, eu não estaria aqui. e que loucura, porque foi justamente isso que nos fez perceber que a gente não tinha jeito. e você disse que um dia eu ia te entender, hoje eu te entendo e de coração eu espero que você seja feliz, sabe? acontece, e quem saberia? mas eu não te adorava só não, eu te amava sim, eu calei isso tantas vezes. e a gente foi tão bonito juntos, mas a gente se perdeu no meio dos planos meio que olhando pro céu, sem perceber. a nossa felicidade estava no chão. e a gente esqueceu boba e infantilmente de tentar pegá-la. ( Foi quando amei o irmão da minha melhor amiga, aos dezessete)
p/ T: eu nunca fui sua, mas você ainda é meu. Queria te guardar numa dessas caixinhas e abrir de vez em quando pra você me fazer rir com essa brincadeira de ser prepotente, pequeno gênio incompreendido. Nunca fomos. Não chegamos a. desisti, saí correndo, copos pelo chão e você nem precisou de explicações. Acordo mútuo entre bons amigos que sempre fomos, antes mesmo de querermos um dia, quem saber - ser. ser aquilo, bonito, duas pessoas solteiras, dois traumas passados, um novo-amor-quem-sabe-ele-é-tão-legal. um-novo-amor-quem-sabe-ela-é-tão-divertida. Te quero longe e muito perto. Minha dualidade necessária, garoto-problema predileto, aquele que eu adoro ignorar entre piadas em graça, coisas que são só suas e gostos que são só nossos. Criança grande, sonhador perdido, abraço alto, pra eu por um dia que seja me sentir quase pequenina. Adoro suas risadas altas, daquele jeito. adoro a sua total falta de jeito e a não cordialidade quase que ensaiada que vive flertando comigo. quase finjo ignorar sua mania de estar assim, como se sempre estivesse e tudo fosse seu. te gosto tanto tanto tanto e tantos tanto quiseres. te cuido. te guardo. me preocupo mais do que deveria e adoro. me fazes sorrir. tu talvez nunca mais seja meu. mas eu sempre serei sua. (foi quando amei o cara da faculdade, aos dezoito - quase dezenove e depois aos vinte, quase vinte um)
Foi só pra dizer que eu já fui tão tão cheia de amor e tão tão feliz. E ainda sou tão cheia de amor e tão tão feliz. E aos que não estão aqui, ainda estão vivos e não viraram parágrafos. São, existem e vivem. Dentro, para muitos e muitos textos. E pra muito mais vida que literatura - no meu coração fiz um lar, meu coração é o teu lar. E de que me adianta tanta mobilia se você não está comigo? (hoje) só é possível, te amar. Que a vida é feita de amores e a minha - sempre tão repleta deles - transbordou. E transborda.
Let go
E depois daquilo eu percebi o óbvio nem tão óbvio assim. Eu só podia ser feliz com você ou se eu te deixasse ir. E te deixar ir em qualquer sentido. Te desgarrar de dentro de mim, te maldizer até a quinta geração ou simplesmente encarar os fatos: se você não vai ser meu, eu devo te deixar ir. Talvez nós podíamos ter sido felizes, naquele tempo que nem existe mais ou quem sabe nós ainda possamos ser felizes daqui há dez anos quando eu te encontrar num café bebendo cerveja e frustrado demais pra qualquer coisa. Talvez. Mas hoje eu sei que eu só podia ser feliz se eu te deixasse ir. E nem foi uma coisa tão dificil assim. Você disse que ia, eu deixei você ir e foi a partir daí que eu soube que eu ia ser feliz. A minha infelcidade não era não te ter, mas era não te deixar. E agora que eu deixei eu sei que eu posso ser feliz, e estou sendo. Com balões, jardins e tudo aquilo que eu sempre achei que só ia ter a partir do momento que te tivesse mas que nasceu agora, no dia em que eu te deixei ir. Exatamente do jeito que sempre deveria ter sido.
Tatuagem
(a mais bonita)
Existia o que existiu. A simplicidade de estar e a simplicidade que existe no silêncio. O silêncio de mil quilômetros de distância e de um amor abalado. O silêncio de não saber o que falar exatamente. Você me deu o silêncio mais bonito do mundo porque dentro do seu silêncio existia tudo. De olhos fechados eu tinha a sua voz no meu ouvido e minha voz no seu ouvido e era como se estivéssemos juntos com qualquer coisa assim como a minha boca na sua boca ou a minha perna entre as suas coxas ou a minha cabeça no seu peito ou o meu amor no seu amor, qualquer coisa assim e tão invasiva quanto. Mas não era nada disso e era como se fosse mais. Era como se você estivesse na minha cama e nós estívessemos tão grudados que não soubéssemos mais distinguir quem é quem. De quem são as pernas, os braços e o sorriso. Sua voz era minha, eu era na sua voz e eu existi por um momento tão plena e tudo parecia tão eterno que eu congelaria o momento, só pra ver mais uma vez. Pra ver mais uma vez a nossa metafísica, a nossa sinestesia. O escuro onde eu via a sua voz, onde eu ouvia o teu abraço. O silêncio onde seu braço estava me entrelaçando e sua boca dizia sem precisar se mover "eu te amo". Eu te amava sem me mover e sem palavras. O amor existia como coisa palpável, eu pegaria o seu amor ali como pegaria no seu pescoço se você estivesse perto. Exatamente assim. Eu te senti tão dentro e tão enorme que era como se fosse físico. Você estava comigo, em cheiro abraço e tamanho. Sem estar. O momento em que tudo era sentimento, magia, escuro. No escuro eu te amei e senti seu amor, seu abraço, seu beijo e a textura da sua pele. Sem presença ou fala. No nosso silêncio o amor se mostrou eterno, imutável e sinestésico. Amor com cheiro, gosto e forma. Amor - amor. E sem encostar um dedo que seja, sem dizer uma palavra que seja você esteve mais dentro de mim do que nunca esteve. Era tão grande que escapava pelos lados, derramava. Eu derramei você de tanto que te senti. Eu te senti tanto que me derramei: sentimento, amor. Coisa que não se explica. Metafísicas da alma. Eu te amei tanto que eu ainda te sinto e essa noite eu sei que eu vou dormir e acordar com você, perto, dentro, boca na boca, olhos nos olhos e a textura da pele. Forte assim. Cru assim. Dentro de mim como espinho enfiado, inflamado, em carne viva. Um só. Dentro do teu silêncio você veio morar em mim e eu te digo, mora, dorme, acorda e me acolhe. Que foi o momento mais bonito da minha vida e hoje eu sei que você é meu e eu sou sua e somos um só enquanto durar o silêncio, o sentimento e o amor. Enquanto formos, eu, você, nós. Você-em-mim eu-em-você. A ferro e fogo, em carne viva.
Existia o que existiu. A simplicidade de estar e a simplicidade que existe no silêncio. O silêncio de mil quilômetros de distância e de um amor abalado. O silêncio de não saber o que falar exatamente. Você me deu o silêncio mais bonito do mundo porque dentro do seu silêncio existia tudo. De olhos fechados eu tinha a sua voz no meu ouvido e minha voz no seu ouvido e era como se estivéssemos juntos com qualquer coisa assim como a minha boca na sua boca ou a minha perna entre as suas coxas ou a minha cabeça no seu peito ou o meu amor no seu amor, qualquer coisa assim e tão invasiva quanto. Mas não era nada disso e era como se fosse mais. Era como se você estivesse na minha cama e nós estívessemos tão grudados que não soubéssemos mais distinguir quem é quem. De quem são as pernas, os braços e o sorriso. Sua voz era minha, eu era na sua voz e eu existi por um momento tão plena e tudo parecia tão eterno que eu congelaria o momento, só pra ver mais uma vez. Pra ver mais uma vez a nossa metafísica, a nossa sinestesia. O escuro onde eu via a sua voz, onde eu ouvia o teu abraço. O silêncio onde seu braço estava me entrelaçando e sua boca dizia sem precisar se mover "eu te amo". Eu te amava sem me mover e sem palavras. O amor existia como coisa palpável, eu pegaria o seu amor ali como pegaria no seu pescoço se você estivesse perto. Exatamente assim. Eu te senti tão dentro e tão enorme que era como se fosse físico. Você estava comigo, em cheiro abraço e tamanho. Sem estar. O momento em que tudo era sentimento, magia, escuro. No escuro eu te amei e senti seu amor, seu abraço, seu beijo e a textura da sua pele. Sem presença ou fala. No nosso silêncio o amor se mostrou eterno, imutável e sinestésico. Amor com cheiro, gosto e forma. Amor - amor. E sem encostar um dedo que seja, sem dizer uma palavra que seja você esteve mais dentro de mim do que nunca esteve. Era tão grande que escapava pelos lados, derramava. Eu derramei você de tanto que te senti. Eu te senti tanto que me derramei: sentimento, amor. Coisa que não se explica. Metafísicas da alma. Eu te amei tanto que eu ainda te sinto e essa noite eu sei que eu vou dormir e acordar com você, perto, dentro, boca na boca, olhos nos olhos e a textura da pele. Forte assim. Cru assim. Dentro de mim como espinho enfiado, inflamado, em carne viva. Um só. Dentro do teu silêncio você veio morar em mim e eu te digo, mora, dorme, acorda e me acolhe. Que foi o momento mais bonito da minha vida e hoje eu sei que você é meu e eu sou sua e somos um só enquanto durar o silêncio, o sentimento e o amor. Enquanto formos, eu, você, nós. Você-em-mim eu-em-você. A ferro e fogo, em carne viva.
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18.4.10
Esqueça o que te disseram sobre o amor
Tem um tempo que eu não dedico cartas para você. Você tinha razão quando disse que eu dedicava textos pra outras pessoas. Fatalmente você acertava. Ás vezes era literatura pura, não menos necessária. Em toda ausência sua se faz presente a necessidade de te dizer qualquer coisa que seja. Eu pensei, nesses poucos meses que vieram saber muito sobre amor. Eu sempre imaginei saber tudo, embora soubesse também ser um belo desastre na prática. Sentimento pra mim é como malabares. Eu sempre tentei fazer, mas era só eu ter que tentar com alguma coisa que tivesse o tamanho maior que limões que eu me enrolava toda. Era só o sentimento aumentar um pouco pra eu não saber o que fazer. Com você foi assim desde o começo. O começo meio errado, meio certo, mas que me ensinou a te amar.
Eu te amei depois de algum tempo, depois de te conhecer de fato. E eu fui te amando, até achar que o amor tinha acabado. Até as vezes achar que o amor nunca tinha existido. O que me disseram sobre o amor era alguma coisa bastante arrebatadora, e que doía. Grandes amores daqueles que duram pra sempre e que existem por causa de uma certa leveza sempre pareciam o certo pra mim. Parecia o certo também grandes identificações, imensas, daquela em que a pessoa te completa frases. Alguma coisa bem perto daquilo que eu sempre tive com você, mas que enxergava mesmo ali do lado.
Eu dediquei metade da minha literatura a uma história que não tinha você. Eu dediquei vários e vários meses pensando em uma história que não era a nossa. Eu passei dias e dias imaginando como seria o gosto, o cheiro e o sorriso do grande amor. Eu também achei ter visto o gosto, o cheiro, o sorriso e a camiseta do grande amor por aí. Com trilhas sonoras inclusas e dava pra formar um filme. Desses engraçadinhos não muito clichês que tem feito sucesso ultimamente. Eu hoje olho e não enxergo mais o que tinha de tão grande. E me disseram que um grande amor não some, ele fica escondido para o dia que o objeto do amor resolva voltar. Esse amor que eu te falei não parece estar escondido, pelo menos não hoje. Eu imaginei eu e o grande amor sentados na mesa do bar pra resolver as coisas ainda pendentes e tudo que eu pensei é que seria um enorme erro. Um erro tão grande e crasso que olharíamos os dois um para o outro e pensaríamos onde é que nós achávamos que aquilo ia dar certo. Assim, rindo. Como devem terminar os grandes amores que não chegaram a ser grandes.
Daí eu olho pra você. De tudo que foi desde o começo, errado, até o fim também errado. Eu fico pensando em tudo aquilo que eu mesma me disse sobre o amor. Dele ter as camisetas e os gostos certos, assim, exatamente. E aí eu me lembro das vinte e cinco vezes que você me irrita demais, e das vezes que você me irritava justamente porque eu tinha uma escala de comparação e pensava "meu grande amor não deve fazer assim". E saiba você que você sempre está fadado a perder quando comparado a uma pessoa que é por demais idealizada. Perde nas piadas, no humor e até no abraço inexistente. Perde no futebol, na altura e no beijo não dado. Perde pra tudo aquilo que na verdade não existe, e eu só tiro uma conclusão: esqueça tudo aquilo que eu te disse sobre o amor.
Se você fosse meu livro, ia ser bonito. Ia existir aquele dia em que você me rodou na rodoviária enquanto eu matava grandes e enormes saudades na pracinha. Ia ter o mesmo dia em que você pegou o pingüim na máquina de bichinhos e me deu. Ia ter um outro em que nós dois deitados na cama depois de eu ter te dado uma bronca por não imaginar que assim seria o aniversário de namoro de um grande amor, te olhar boamente e ficar repetindo algumas vezes o quanto eu te amava. E ver suas sardas, todas, junto com a sua bochecha que fica vermelhazinha com o frio do ar condicionado e seu cabelo caindo na testa e te achar mais uma vez, lindo. Posso me lembrar também de intermináveis conversas no telefone, e um dia em que eu briguei com meus pais e você me acalmou me fazendo contar como seria o dia em que eu tivesse meu próprio restaurante ele ia se chamar Sgt. Peppers e ia ter um dia para as pessoas irem ver filme, em dois ambientes separados. Iam existir dias simples por natureza em que você passava a tarde comigo vendo tv. Os meus programas, a minha novela e tudo isso. E também o dia em que você chegou de viagem pra ficar comigo enquanto eu fazia trabalho, e me deu um ovo de páscoa enorme de um chocolate que eu te disse que eu gostava. E posso me lembrar também de estar no seu colo te olhando cheia de sorrisos e saudades. Eu podia escrever um livro bem bonito sobre tudo que você também fez nascer em mim. E aí posso falar também de flores e de um jardim enorme. E posso te dizer que também faria pra você festas lindas e te daria milhares de tardes no parque se isso te fizesse sorrir.
Eu te acho capaz de começar a comer pavês e macarrões e strogonoffs e gostar, por minha causa. E eu me vejo capaz de comer macarrões sem molho vermelho e não me opor. Eu te vejo capaz de ficar do meu lado não entendendo muito bem o porquê, mas me vendo assistir o jogo do são paulo e hoje, sabe-se lá porque, mas porque talvez eu imaginei que assim são os grandes amores, eu até te imaginei indo comigo só pra fazer companhia no estádio do meu lado. Eu imaginei milhares de coisas e queria te dizer que você já foi capaz de me fazer sorrir e me fazer sentir aquela coisa grande e enorme que se é capaz de sentir por alguém. Eu olho e vejo. Eu imagino um ano inteirinho nosso todo feliz. E eu vejo também o quanto eu deixei o grande amor de lado pra viver um outro em potencial. E como não existem grandes amores unilaterais eu acho que a gente se perdeu um pouco. E eu desenxerguei um pouco a beleza de chocolates e rosas vermelhas que sempre existiu em mim, e em você. Eu só enxerguei hoje, depois de uma conversa enorme e de esquecer tudo o que me disseram sobre o amor.
Tudo isso, entretanto, não quer dizer que com tudo isso eu brade aos quatro cantos: "esse aqui é o meu grande amor". Nem que decida hoje, assim, agora pra te dizer e te abraçar. Eu sei que eu já te disse chorando que você era o amor da minha vida. Eu sei também, que era verdade. Eu enxergo tudo. Hoje eu te vejo. Eu sei a parte enorme que você guarda dentro de mim. Eu sei do tamanho da sua ausência. Eu sei que eu estou meio assim, meio sem braço direito sem você. Mas preciso. Esse confuso eu precisa estar em contato com o nada, com a solidão que as vezes perde pra vontade e que se desmazela ali, em telefonema. Eu posso não te responder, mas eu também te amo. Não é um te amo que diz que eu vou ficar com você agora. Ou daqui há uma semana, um mês, um ano, cinco anos ou nunca mais. É um te amo daqueles grandes, daqueles do chico, daqueles que futuros amantes se amarão sem saber com amor que eu um dia deixei pra você. Mesmo que ele não seja mais assim, personificado. Eu te amo mais sublime e profundamente que isso. Que esse estar. Eu sei de você, de você em mim e de mim em você. E de mais nada. Sei de te ligar quando sinto saudades, sei de te lembrar aqui e ali. Sei disso. Gosto disso. Gosto de te amar com nomenclaturas, datas ou não. Gosto de você, gosto de amar você.
E se um dia eu souber que é você, assim, isso que eles chamam de grande amor, eu te ligo e te falo "eu te amo, eu senti sua falta e quero ficar com você pra sempre". É o que você merece, é o que eu mereço é o que devem ter os grandes amores: entrega total de ambas as partes. Eu faria isso por você. Por você eu sou capaz de aprender a amar. Por enquanto, só continua me fazendo bem que nosso amor tem gosto de chocolate com mate. E ecoa.
"Não se afobe não que nada é pra já, o amor não tem pressa ele pode esperar em silêncio. No fundo de armário, na posta restante, milênios, milênios no ar…"
O nosso pode. O nosso amor é bem bonito. Quase uma montanha. Quase um por do sol depois de um piquenique no parque, de tão bonito.
Eu te amei depois de algum tempo, depois de te conhecer de fato. E eu fui te amando, até achar que o amor tinha acabado. Até as vezes achar que o amor nunca tinha existido. O que me disseram sobre o amor era alguma coisa bastante arrebatadora, e que doía. Grandes amores daqueles que duram pra sempre e que existem por causa de uma certa leveza sempre pareciam o certo pra mim. Parecia o certo também grandes identificações, imensas, daquela em que a pessoa te completa frases. Alguma coisa bem perto daquilo que eu sempre tive com você, mas que enxergava mesmo ali do lado.
Eu dediquei metade da minha literatura a uma história que não tinha você. Eu dediquei vários e vários meses pensando em uma história que não era a nossa. Eu passei dias e dias imaginando como seria o gosto, o cheiro e o sorriso do grande amor. Eu também achei ter visto o gosto, o cheiro, o sorriso e a camiseta do grande amor por aí. Com trilhas sonoras inclusas e dava pra formar um filme. Desses engraçadinhos não muito clichês que tem feito sucesso ultimamente. Eu hoje olho e não enxergo mais o que tinha de tão grande. E me disseram que um grande amor não some, ele fica escondido para o dia que o objeto do amor resolva voltar. Esse amor que eu te falei não parece estar escondido, pelo menos não hoje. Eu imaginei eu e o grande amor sentados na mesa do bar pra resolver as coisas ainda pendentes e tudo que eu pensei é que seria um enorme erro. Um erro tão grande e crasso que olharíamos os dois um para o outro e pensaríamos onde é que nós achávamos que aquilo ia dar certo. Assim, rindo. Como devem terminar os grandes amores que não chegaram a ser grandes.
Daí eu olho pra você. De tudo que foi desde o começo, errado, até o fim também errado. Eu fico pensando em tudo aquilo que eu mesma me disse sobre o amor. Dele ter as camisetas e os gostos certos, assim, exatamente. E aí eu me lembro das vinte e cinco vezes que você me irrita demais, e das vezes que você me irritava justamente porque eu tinha uma escala de comparação e pensava "meu grande amor não deve fazer assim". E saiba você que você sempre está fadado a perder quando comparado a uma pessoa que é por demais idealizada. Perde nas piadas, no humor e até no abraço inexistente. Perde no futebol, na altura e no beijo não dado. Perde pra tudo aquilo que na verdade não existe, e eu só tiro uma conclusão: esqueça tudo aquilo que eu te disse sobre o amor.
Se você fosse meu livro, ia ser bonito. Ia existir aquele dia em que você me rodou na rodoviária enquanto eu matava grandes e enormes saudades na pracinha. Ia ter o mesmo dia em que você pegou o pingüim na máquina de bichinhos e me deu. Ia ter um outro em que nós dois deitados na cama depois de eu ter te dado uma bronca por não imaginar que assim seria o aniversário de namoro de um grande amor, te olhar boamente e ficar repetindo algumas vezes o quanto eu te amava. E ver suas sardas, todas, junto com a sua bochecha que fica vermelhazinha com o frio do ar condicionado e seu cabelo caindo na testa e te achar mais uma vez, lindo. Posso me lembrar também de intermináveis conversas no telefone, e um dia em que eu briguei com meus pais e você me acalmou me fazendo contar como seria o dia em que eu tivesse meu próprio restaurante ele ia se chamar Sgt. Peppers e ia ter um dia para as pessoas irem ver filme, em dois ambientes separados. Iam existir dias simples por natureza em que você passava a tarde comigo vendo tv. Os meus programas, a minha novela e tudo isso. E também o dia em que você chegou de viagem pra ficar comigo enquanto eu fazia trabalho, e me deu um ovo de páscoa enorme de um chocolate que eu te disse que eu gostava. E posso me lembrar também de estar no seu colo te olhando cheia de sorrisos e saudades. Eu podia escrever um livro bem bonito sobre tudo que você também fez nascer em mim. E aí posso falar também de flores e de um jardim enorme. E posso te dizer que também faria pra você festas lindas e te daria milhares de tardes no parque se isso te fizesse sorrir.
Eu te acho capaz de começar a comer pavês e macarrões e strogonoffs e gostar, por minha causa. E eu me vejo capaz de comer macarrões sem molho vermelho e não me opor. Eu te vejo capaz de ficar do meu lado não entendendo muito bem o porquê, mas me vendo assistir o jogo do são paulo e hoje, sabe-se lá porque, mas porque talvez eu imaginei que assim são os grandes amores, eu até te imaginei indo comigo só pra fazer companhia no estádio do meu lado. Eu imaginei milhares de coisas e queria te dizer que você já foi capaz de me fazer sorrir e me fazer sentir aquela coisa grande e enorme que se é capaz de sentir por alguém. Eu olho e vejo. Eu imagino um ano inteirinho nosso todo feliz. E eu vejo também o quanto eu deixei o grande amor de lado pra viver um outro em potencial. E como não existem grandes amores unilaterais eu acho que a gente se perdeu um pouco. E eu desenxerguei um pouco a beleza de chocolates e rosas vermelhas que sempre existiu em mim, e em você. Eu só enxerguei hoje, depois de uma conversa enorme e de esquecer tudo o que me disseram sobre o amor.
Tudo isso, entretanto, não quer dizer que com tudo isso eu brade aos quatro cantos: "esse aqui é o meu grande amor". Nem que decida hoje, assim, agora pra te dizer e te abraçar. Eu sei que eu já te disse chorando que você era o amor da minha vida. Eu sei também, que era verdade. Eu enxergo tudo. Hoje eu te vejo. Eu sei a parte enorme que você guarda dentro de mim. Eu sei do tamanho da sua ausência. Eu sei que eu estou meio assim, meio sem braço direito sem você. Mas preciso. Esse confuso eu precisa estar em contato com o nada, com a solidão que as vezes perde pra vontade e que se desmazela ali, em telefonema. Eu posso não te responder, mas eu também te amo. Não é um te amo que diz que eu vou ficar com você agora. Ou daqui há uma semana, um mês, um ano, cinco anos ou nunca mais. É um te amo daqueles grandes, daqueles do chico, daqueles que futuros amantes se amarão sem saber com amor que eu um dia deixei pra você. Mesmo que ele não seja mais assim, personificado. Eu te amo mais sublime e profundamente que isso. Que esse estar. Eu sei de você, de você em mim e de mim em você. E de mais nada. Sei de te ligar quando sinto saudades, sei de te lembrar aqui e ali. Sei disso. Gosto disso. Gosto de te amar com nomenclaturas, datas ou não. Gosto de você, gosto de amar você.
E se um dia eu souber que é você, assim, isso que eles chamam de grande amor, eu te ligo e te falo "eu te amo, eu senti sua falta e quero ficar com você pra sempre". É o que você merece, é o que eu mereço é o que devem ter os grandes amores: entrega total de ambas as partes. Eu faria isso por você. Por você eu sou capaz de aprender a amar. Por enquanto, só continua me fazendo bem que nosso amor tem gosto de chocolate com mate. E ecoa.
"Não se afobe não que nada é pra já, o amor não tem pressa ele pode esperar em silêncio. No fundo de armário, na posta restante, milênios, milênios no ar…"
O nosso pode. O nosso amor é bem bonito. Quase uma montanha. Quase um por do sol depois de um piquenique no parque, de tão bonito.
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You'll look for me and I'll be gone.
Tudo que eu um dia senti por você formou um livro que hoje dorme na minha gaveta por falta de contingente. Metaforicamente ou não. Costumava ser um belo livro e por um dia eu achei que seria um best seller mas as coisas não são exatamente como a gente imagina. Mas eu nem imaginava tanto assim. O prefácio mesmo dizia que eu nunca esperei nada em troca de tudo. O que é absolutamente normal, se você entendesse um pouco sobre grandes sentimentos, doação, essa coisa toda que só quem amou de verdade entende e já soube fazer doer. É engraçado isso. Isso da nossa história de repente formar um livro cronológico com uma grande declaração sem fim. Pequenos príncipes envolvidos e tudo, exatamente do jeito que deveria ser o que nem chegou a ser uma história tão grande assim. Eu lembro de tentar te explicar quase no fim que aquilo não era literatura, era de-mim-pra-você e agora eu me pego pensando o quê? o que exatamente era de mim pra você e eu te juro que eu não consigo lembrar do sentimento exato, mas os escritos dizem que era um grande amor, desses de mover montanhas e brilhar olhos.
No seu livro deve ter um ponto final bem grande e você contando, no próximo capítulo, orgulhoso, o quanto você com a sua distância soube fazer eu me desapegar de você. Exatamente com essa palavra de-sa-pe-gar. E deve ter no segundo parágrafo que a explicação para a sua atitude é essa palavra aí de-sa-pe-gar. Só que a doutoura em semântica sempre fui eu, você só ilustra seu livro. Vai fazendo desenhos, colocando imagens. Vive fatos. Um atrás do outro correndo em busca da felicidade. Como num filme sem roteiro. E filmes sem roteiros as vezes terminam em grandes fracassos sem nenhum sucesso de bilheteria e com o esquecimento total do protagonista, enquanto os coadjuvantes as vezes conseguem algum sucesso em outros filmes, até mesmo como protagonistas. Mas não é disso que eu estou falando. É da nossa grande história.
Então eu te explico, como boa continuista que sou, que a consequencia da sua atitude talvez seja o de-sa-pe-gar, mas que a razão é bem diferente. E fica ali entre covardia e falta de caráter e passa um pouquinho pela falta de consideração. Consequencia normal da não reciprocidade de sentimentos é o desapego. Acontece sem ninguém precisar forçar. E é bonito esse (des)apegar. É como ir perdendo o medo lentamente da montanha russa em voltas repetidas até você conseguir lembrar da montanha russa como uma coisa bonita. Mas sua atitude só foi, como eu posso dizer, decepcionante. E não tem nada a ver com o desapego que você queria propor. Tem a ver com a sua covardia. Com o você saber que não saberia como lidar comigo enquanto eu me desapegava de você e então resolveu fazer tudo da maneira mais fácil e rápida, que é sair pra comprar cigarros e nunca mais voltar.
Exatamente como naquele filme, em que a menina fica presa ao fogão enquanto o cara foge e some em busca de uma vida, porque ele não sabe lidar com aquela que ele tem, e nem com a garota loira que hoje trabalha num cabaré. Engraçado pensar que no teu filme você talvez um dia teria escolhido ser esse cara, e parabéns, hoje você é. Só que sem dignidade nenhuma e sem nenhuma poesia, dessas dignas de filme. Mas eu não tenho ressentimentos, é exatamente como aquele trecho em que ela fala que tentava ter longas conversas com você, até o dia que não lembrava mais da sua voz. Isso é desapego. E tem dor. Eu não sinto dor, nem desapego. Eu só desisti de você, tão racionalmente que talvez você agora se sinta orgulhoso de tudo que fez.
Mas não se sinta. Orgulho não é o que você deve sentir pot você mesmo. Tem que ser alguma coisa entre arrependimento e medo. No meu livro você sempre esteve, ali, coadjuvante e é justamente pelo respeito que se deve pelas pessoas que fazem parte da sua história é que eu não merecia ter desistido desse jeito. Você merecia. Mas nós mereciamos um desapego. Desses de aprender a não ter medo de montanhas russas. Desses de lembrar de tudo com carinho, mas você estragou tudo.
E talvez, a parte boa é ter conseguido não sentir nem peso por tudo o que você já não significa pra mim. Você deve pensar que vai ser melhor assim pra mim. Mas não vai. Eu consegueria te esquecer de uma forma bonita. Eu merecia isso. Eu só quero que você saiba que você foi embora sim, e por mais que isso tenha sido bom, você me deixou amarrada no fogão. E esse tipo de marca, esse tipo de machucado é do tipo que marca pra sempre.
Seis, sete anos depois talvez você me encontre em algum lugar e eu tenha que te contar como se deu tudo, essa separação brusca e quem vai saber se até lá eu vou ter raiva, ou se não vou sentir nada, ou se vou dizer que eu te entendo. Mas o que eu queria te dizer, é que tudo que você tem, igualzinho, do personagem que você admira é isso, ser um fugitivo. Você saiu correndo. E sinceramente, cara, isso não é admirável, ou orgulhoso e nem tampouco foi nobre para comigo. Eu não vou te agradecer. Eu não vou te entender. Tudo que eu sei é que você é igualzinho a ele. Um fugitivo, um covarde. Talvez com um pouco de nobreza.
Mas saiba que nem sempre a nobreza redime. e nem sempre o amor salva. eu odeio te conhecer tanto quanto eu conheço, e no meio de tudo isso ainda entender suas razões, a covardia e a indiferença. Eu sei exatamente. Não precisa me explicar. Mas hoje não se justifica mais. Porque eu não te amo e nosso jardim secou. Pode ser o que você queria, mas não precisava ter sido assim.
Mas eu (ainda) espero que você seja feliz. Hoje sem lirismo ou poesia, e sem mim. Mas feliz.
No seu livro deve ter um ponto final bem grande e você contando, no próximo capítulo, orgulhoso, o quanto você com a sua distância soube fazer eu me desapegar de você. Exatamente com essa palavra de-sa-pe-gar. E deve ter no segundo parágrafo que a explicação para a sua atitude é essa palavra aí de-sa-pe-gar. Só que a doutoura em semântica sempre fui eu, você só ilustra seu livro. Vai fazendo desenhos, colocando imagens. Vive fatos. Um atrás do outro correndo em busca da felicidade. Como num filme sem roteiro. E filmes sem roteiros as vezes terminam em grandes fracassos sem nenhum sucesso de bilheteria e com o esquecimento total do protagonista, enquanto os coadjuvantes as vezes conseguem algum sucesso em outros filmes, até mesmo como protagonistas. Mas não é disso que eu estou falando. É da nossa grande história.
Então eu te explico, como boa continuista que sou, que a consequencia da sua atitude talvez seja o de-sa-pe-gar, mas que a razão é bem diferente. E fica ali entre covardia e falta de caráter e passa um pouquinho pela falta de consideração. Consequencia normal da não reciprocidade de sentimentos é o desapego. Acontece sem ninguém precisar forçar. E é bonito esse (des)apegar. É como ir perdendo o medo lentamente da montanha russa em voltas repetidas até você conseguir lembrar da montanha russa como uma coisa bonita. Mas sua atitude só foi, como eu posso dizer, decepcionante. E não tem nada a ver com o desapego que você queria propor. Tem a ver com a sua covardia. Com o você saber que não saberia como lidar comigo enquanto eu me desapegava de você e então resolveu fazer tudo da maneira mais fácil e rápida, que é sair pra comprar cigarros e nunca mais voltar.
Exatamente como naquele filme, em que a menina fica presa ao fogão enquanto o cara foge e some em busca de uma vida, porque ele não sabe lidar com aquela que ele tem, e nem com a garota loira que hoje trabalha num cabaré. Engraçado pensar que no teu filme você talvez um dia teria escolhido ser esse cara, e parabéns, hoje você é. Só que sem dignidade nenhuma e sem nenhuma poesia, dessas dignas de filme. Mas eu não tenho ressentimentos, é exatamente como aquele trecho em que ela fala que tentava ter longas conversas com você, até o dia que não lembrava mais da sua voz. Isso é desapego. E tem dor. Eu não sinto dor, nem desapego. Eu só desisti de você, tão racionalmente que talvez você agora se sinta orgulhoso de tudo que fez.
Mas não se sinta. Orgulho não é o que você deve sentir pot você mesmo. Tem que ser alguma coisa entre arrependimento e medo. No meu livro você sempre esteve, ali, coadjuvante e é justamente pelo respeito que se deve pelas pessoas que fazem parte da sua história é que eu não merecia ter desistido desse jeito. Você merecia. Mas nós mereciamos um desapego. Desses de aprender a não ter medo de montanhas russas. Desses de lembrar de tudo com carinho, mas você estragou tudo.
E talvez, a parte boa é ter conseguido não sentir nem peso por tudo o que você já não significa pra mim. Você deve pensar que vai ser melhor assim pra mim. Mas não vai. Eu consegueria te esquecer de uma forma bonita. Eu merecia isso. Eu só quero que você saiba que você foi embora sim, e por mais que isso tenha sido bom, você me deixou amarrada no fogão. E esse tipo de marca, esse tipo de machucado é do tipo que marca pra sempre.
Seis, sete anos depois talvez você me encontre em algum lugar e eu tenha que te contar como se deu tudo, essa separação brusca e quem vai saber se até lá eu vou ter raiva, ou se não vou sentir nada, ou se vou dizer que eu te entendo. Mas o que eu queria te dizer, é que tudo que você tem, igualzinho, do personagem que você admira é isso, ser um fugitivo. Você saiu correndo. E sinceramente, cara, isso não é admirável, ou orgulhoso e nem tampouco foi nobre para comigo. Eu não vou te agradecer. Eu não vou te entender. Tudo que eu sei é que você é igualzinho a ele. Um fugitivo, um covarde. Talvez com um pouco de nobreza.
Mas saiba que nem sempre a nobreza redime. e nem sempre o amor salva. eu odeio te conhecer tanto quanto eu conheço, e no meio de tudo isso ainda entender suas razões, a covardia e a indiferença. Eu sei exatamente. Não precisa me explicar. Mas hoje não se justifica mais. Porque eu não te amo e nosso jardim secou. Pode ser o que você queria, mas não precisava ter sido assim.
Mas eu (ainda) espero que você seja feliz. Hoje sem lirismo ou poesia, e sem mim. Mas feliz.
16.4.10
A raiz quadrada de cento e quarenta (caracteres).
Se vocês quiserem me abraçar agora, eu não vou me opor.
Eu queria muito saber como eu estou me sentindo a respeito das coisas.
Pra contar pra vocês.
Mas eu não sei.
Há uma semana atrás, exatamente, eu tinha certeza que eu tinha certeza.
Hoje eu não sei.
Se vocês quiserem me abraçar agora, eu não vou me opor.
Eu queria muito saber como eu estou me sentindo a respeito das coisas.
Pra contar pra vocês.
Mas eu não sei.
Há uma semana atrás, exatamente, eu tinha certeza que eu tinha certeza.
Hoje eu não sei.
Se vocês quiserem me abraçar agora, eu não vou me opor.
14.4.10
Engenheiros explica.
"Eu me lembro muito bem, como se fosse amanhã,
O sol nascendo sem saber o que iria iluminar.
Eu abri meu coração como se fosse um motor
E na hora de voltar sobravam peças pelo chão
Mesmo assim eu fui à luta... eu quis pagar pra ver
Onde estavam as armas químicas? O que diziam os poemas?
Afinal de contas o que nos trouxe até aqui?
Medo ou coragem? Talvez nenhum dos dois
Sopra o vento, um carro passa pela praça
E já foi... já foi
Por acaso eu fui à luta... eu quis pagar pra ver."
(Engenheiros do Hawaii in armas químicas e poemas)
( minha ex história de cinema, humberto gessinger explica. Abre-se o coração como um motor, que no fim se desmazela em partes que ficam pelo chão, perdidas. Coisas de quem vai a luta, de quem decide pagar pra ver e no fim, nenhuma arma química destruiu nada e nenhum poema dizia nada além do que dizem os poemas normalmente - o poeta é um fingi-dor finge a dor que deveras sente, fernando - nem medo, nem coragem. Nenhum dois dois. Enquanto o vento sopra, um carro (ou uns carros) passam pela minha sacada e tudo que eu consigo pensar - com alguma paz vinda sei lá daonde, mas graças a ela - é que já foi. E por acaso - e só por acaso - eu fui a luta, e eu quis pagar pra ver )
O que só eu escrevia e não sabia nem sentir, hoje, engenheiros explica. Sem descuido ou poesia. Cru, e que assim seja.
O sol nascendo sem saber o que iria iluminar.
Eu abri meu coração como se fosse um motor
E na hora de voltar sobravam peças pelo chão
Mesmo assim eu fui à luta... eu quis pagar pra ver
Onde estavam as armas químicas? O que diziam os poemas?
Afinal de contas o que nos trouxe até aqui?
Medo ou coragem? Talvez nenhum dos dois
Sopra o vento, um carro passa pela praça
E já foi... já foi
Por acaso eu fui à luta... eu quis pagar pra ver."
(Engenheiros do Hawaii in armas químicas e poemas)
( minha ex história de cinema, humberto gessinger explica. Abre-se o coração como um motor, que no fim se desmazela em partes que ficam pelo chão, perdidas. Coisas de quem vai a luta, de quem decide pagar pra ver e no fim, nenhuma arma química destruiu nada e nenhum poema dizia nada além do que dizem os poemas normalmente - o poeta é um fingi-dor finge a dor que deveras sente, fernando - nem medo, nem coragem. Nenhum dois dois. Enquanto o vento sopra, um carro (ou uns carros) passam pela minha sacada e tudo que eu consigo pensar - com alguma paz vinda sei lá daonde, mas graças a ela - é que já foi. E por acaso - e só por acaso - eu fui a luta, e eu quis pagar pra ver )
O que só eu escrevia e não sabia nem sentir, hoje, engenheiros explica. Sem descuido ou poesia. Cru, e que assim seja.
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10.4.10
Schrödinger's cat
Tem uma adaga daquelas grandes cravadas no meu peito, sangra, sangra e eu continuo andando. Soldado ferido em batalha, em céu aberto, fratura exposta no corpo e no coração. O osso aparente, as veias, tudo se foi e sobra aquilo, a casca. Uma casca oca e imensa, extremamente acostumada aos disfarces da guerra. Uma casca feliz, que sorri frente ao tiro, a batalha perdida (mais uma!) e a fratura exposta no corpo e no coração. Uma csaca linda, sorridente, perfeita. Que bebe, sorri e não é intempestiva em momento algum. Uma casca sóbria, feliz, perfeita e compreensiva.
Tem uma adaga daquelas grandes que você cravou no meu peito. Sangra, sangra sangra e eu continuo andando e se você pedir, eu te dou a mão e finjo que não doeu.
Tem uma adaga daquelas grandes que você cravou no meu peito. Sangra, sangra sangra e eu continuo andando e se você pedir, eu te dou a mão e finjo que não doeu.
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