passou.
embora eu escreva esse texto as quatro e meia da manhã, minha insônia não me assombra mais e eu escrevo esse texto com muito sono. não tenho tanto medo do mundo mais, e percebo que nos pequenos momentos do meu banho e da sacada sozinha, eu consigo pensar no que quero da minha vida. sei que não vou morrer por causa da vida, e entendi que às vezes tudo é questão de parar e ficar quieta. estive no meu pequeno retiro espiritual de quase um mês e nele entendi muito daquilo que eu sou, e isso que eu sou erra bastante e sofre com crises de culpa imensas. redefini prioridades. entendo a felicidade como essa coisa passageira, que vai-e-vem, e talvez entenda também que, tudo tem um tempo meio seu, e que não adianta se apressar nem se martirizar demais.
espero menos (muito menos) das pessoas, e aprendi a não sair de casa quando não sinto vontade. aprendi também que, durante períodos difíceis, tem muita gente que simplesmente não consegue te compreender. tem afago que às vezes é vontade de ver se você também cai de cara no chão. eu caio, todo mundo cai. essa queda foi das piores. nos meus piores dias, de pijama e cabelo oleoso na frente da tv, eu desejava dormir por muito tempo. o mundo não nos merece acordados. é claro que a vida é, na maioria das vezes, uma aventura injusta e incerta, mas é a única que temos. escrevi muito. muito mesmo. ainda sou esse ser capaz de dar opiniões. ainda preservo um senso crítico. é bonito ver que a gente ainda vive, ser pensante, e é muito mais do que a namoradinha de alguém. eu me coloquei nesse papel, um tempo, de senhorita de alguém, mas daí passou. não passou o sentimento, nem a vontade de ser a namoradinha de alguém, mas me veio esse ser independente que cobra menos, que espera menos, e que vislumbra toda uma vida que existe além dele e de suas bonitas manias irritantes.
e também, se ele der de ir embora pra sempre, a gente sobrevive.
descobri que desprezo webdesign. por deus, não sei, não posso-mais fazer sites. entretanto, descobri que adoro estudar a relação entre as pessoas. nas redes sociais que me irritam, inclusive. percebi que gosto de tecnologia porque espero entender como as pessoas se relacionam através dela. não sirvo pra criar layouts, e tudo bem. gosto de moda, bastante. mas também me interessa nela o humano. é isso, gosto de pessoas. e prefiro pensar do que executar, assim como prefiro escrever do que desenhar. e tá tudo ok. eu tenho 23 anos e não sou a pessoa mais sucedida do mundo, mas foi justamente nessa ânsia de querer-ser que eu caí no buraco, e assim, não precisa. e tudo bem a gente precisar começar de novo, eu acho. também sou péssima escrevendo ficção, desisti.
tenho preguiça de marketing, roupa de marca, publicidade e propaganda e gente que acha que tudo é drama.
no mais, tenho dois bons amigos que me escutam por horas a fio dizer que o mundo é um lugar injusto. gosto muito deles. ganhei um outro amigo por conta de problemas parecidos. o único que me percebeu triste na augusta enquanto eu disfarçava minha solidão atrás do meu batom vermelho. tenho sido amada, do jeito que dá. meus pais são os melhores do mundo, sempre. a angústia já não dói tanto assim, e eu finalmente sinto vontade de sair de casa. admiro muito gente com senso crítico, e me divirto em discussões sobre política e outras drogas nas horas vagas. às vezes sinto vontade de viajar, ficar bem longe daqui sem nenhum convívio social pra ver se sai um pouco mais de equilíbrio, mas acho que também não seria ninguém sem essa pequena dose de loucura.
gosto do que eu sou. dessa que eu sou agora, gosto muito. sorrio enquanto escrevo esse texto. acho o mundo um lugar terrível, me irrito com a urgência das redes sociais, filosofo sobre a importância da vida, mas comigo, finalmente, estou muito bem.
hoje é dia primeiro de maio, dia do trabalhador, eu sou uma pessoa irremediavelmente desempregada, não tenho nada - nem conta no banco. não tenho um plano concreto, uma cidade pra mudar, não receberei ligações de ninguém ao acordar, não tenho pra quem mandar mensagens, escrevo os tweets mais neuróticos da internet, sou possessiva, neurótica, um tantinho desequilibrada, cresci mais nesse mês do que cresci em anos, sei combinar calça vermelha e sapatos oxford, o frio começou, não tenho planos pro feriado, aprendi a não me desesperar, a manter as expectativas baixas e a entender que o futuro é um troço incerto, mas que vem. e é preciso estar atento. tem gente que me ama no mundo, e a gente dá jeito pra tudo - até pra morte, se bobear. tenho meus livros, minhas roupas, tudo que aprendi durante a vida, o colo dos meus pais, a compreensão sem limites do meu melhor amigo, uma fé imensa que um dia tudo vai vingar, do jeito que tiver que ser e uma vida inteira pela frente. eu vou ter medo, de muita coisa. mais milhares de planos vão dar errado, amores falharão, eu estragarei muitas coisas e vou derrubar molho na camiseta inúmeras vezes. vou ser despedida, voi reprovar no teste de direção, vou me decepcionar com meus amigos, vou querer morrer, vou chorar debaixo da coberta sentida achando que a vida não vale a pena.
mas quer saber? eu continuo viva.
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