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29.4.12

que ele é um pote até aqui de mágoa

mas ando com uma angústia esquisita, sabe, uma angústia? uma angústia estranha que aperta o peito e dá formigamento na pontinha dos dedos. não sei o que é isso, sei que sinto esse tipo de coisa quando tenho medo de perder alguém, ou alguma coisa. sentia quando tinha medo de morrer também, em crises de pânico. percebo que tenho um monte de coisas pra dizer, pareço mais equilibrada. é mais ou menos o prazo que me deram, um mês. em mais ou menos um mês você talvez esteja apta pra vida. pareço um pouco mais, já não tenho tanta insônia, quase consigo um sono tranquilo. mas daí vem isso, essa angústia. meu coração parece muito apertado dentro do peito, cheio de rugas e eu sinto vontade de chorar. talvez seja só por causa das coisas que eu deixei em aberto (sempre elas) e eu precise ouvir finalmente "acabou, é isso, acabou" e daí ao perceber que eu não tenho nada, absolutamente nada, consiga vislumbrar o universo do tamanho que ele é. as mãos formigam. o coração dói. fisicamente falando porque coração também dói. eu respiro fundo e o respiro parece que sai esquisito, quase que como um choro que eu não consigo chorar. chorei muito esses dias e faz quase um mês que eu não saio mesmo de casa, eu nem sei como anda londrina. resolvi tomar as rédeas da minha vida de novo, mas não sei por onde começar. sei que tenho que começar por você porque você é a mão que vai e aperta meu coração e que por vezes me faz vomitar toda a culpa. eu perdi dois quilos de pura culpa nas últimas duas semanas, mas não posso me auto flagelar mais. é preciso ouvir a verdade. duvido que a verdade seja algo diferente de "vamos viver as nossas vidas". mas eu já me conformei. porque eu preciso viver a minha vida. passei esse ano todo num hiato, esperando que algo maior acontecesse, mas não aconteceu. preciso descobrir o que eu quero. de novo. mais uma vez descobrir o que eu quero. não há pecado nisso. a vida é feita de erros e acertos, de começos e fins. eu errei muito mais do que acertei nesses últimos seis, ou sete meses, mas foi as custas dos erros que eu descobri tudo isso que me faz querer recomeçar. oscilei momentos de histeria com momentos de apatia terríveis e eu não teria percebido problema nenhum em mim se tudo continuasse bem. tenho me cuidado, do jeito que posso. troco baladas por pizza e por minha mãe me dizendo que às vezes na vida, tudo vem de uma vez só, mas que tudo passa também. as coisas tem seu tempo. eu quero acreditar nela. eu me apressei, nos apressei, e acabei atropelando tudo. nem tudo é culpa minha, ser consciente, mas tudo foi feito por mim. e ninguém (nem eu mesma) é obrigado a ter que lidar com os meus desequilíbrios. mas foi bom ter encontrado todos eles. estar cuidando e continuar vivendo. agora tem que mandar embora essa angústia.  eu prefiro quando meu coração explode, e quando as minhas mãos ficam secas.

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