Páginas

4.5.08

carta ao velho amor.

Meu amor, eu te chamando de meu amor e já faz dois anos desde que a gente não é mais nada. Mas são as coisas que acontecem às três horas da tarde de uma quinta feira sem sol. As nossas músicas continuam no meu computador e eu me deparei com algumas fotos que eu acabei não apagando. Não sei se por covardia, se pro esquecimento ou se por simples vontade de não querer que você sumisse por completo da minha memória e das minhas lembranças. Impossível você sumir, pela metade e principalmente por completo. Você já foi muito importante na minha vida e hoje o que eu sinto é a saudade mais bonita. A saudade de você nos meus braços, a saudade do tempo em que nós éramos um só. Saudade de cada momento bom, de casa riso seu. Saudades até das coisas que eu não suportava em você, como a mania de me obrigar a ver os filmes que eu não gostava, de ir aos lugares que eu não queria muito e de ouvir umas coisas que eu nunca teria descoberto sozinho, só pra te agradar.

Agora eu não sei como você anda, faz tanto tempo. Parece que foi ontem, mas faz muito tempo. Eu não sei se você continua preferindo tomar sprite, se ainda gosta de ir naquela lanchonete, e se ainda ri apertando os olhos. Eu não sei se você ainda me bateria quando eu te chamasse de fresca. Eu não sei mais nada sobre você. O que eu sei sobre você é o que eu conheci há dois anos e isso pode muito bem ter mudado. Eu não sou o mesmo que eu era quando namorava com você.

Você também não deve ser mais a mesma.

Entretanto eu estou sozinho nessa casa, e se eu pudesse escolher alguém pra estar comigo, esse alguém seria você. Você em todos os seus mínimos detalhes, perfeições e defeitos. Você, simplesmente você. A garota que eu conheci há alguns anos e que foi minha namorada. A minha companhia, minha amiga e minha confidente. Você, simplesmente você. As paredes me fazem barulho, tem um vazio enorme dentro de mim que sente tantas saudades de você. Eu queria ter você nos meus braços, queria que você estivesse aqui me fazendo companhia. Queria mesmo você não estando aqui, ter a certeza que você ainda era minha.

Mas você não é.

Não é. A música que eu estou ouvindo que me lembra você já não é não é mais a nossa música há dois anos. Ela nem sequer toca mais. E nem é o tipo de coisa que eu gosto de ouvir agora. Não porque me lembra você ou coisa assim. Mas porque hoje eu não gosto mais desse tipo de música. Não sei se você continua gostando. Talvez. Não posso dizer. Eu não sei mais nada sobre você.

O lugar em que a gente costumava ir, com aqueles seus amigos que eu nunca gostei muito, está completamente diferente. Entrei lá esses dias, nessa embriaguez de saudades de você, e não tem mais a mesa em que a gente sentava, as pessoas que freqüentam lá são completamente diferentes e eu não consegui ficar lá nem dez minutos. Eu não freqüento mais nenhum dos lugares que freqüentava com você. Talvez nem você o faça. Os seus amigos que eu não gostava nem seus amigos são mais.

E sabe, eu também não sou mais o mesmo. Em dois anos eu mudei muito. Você também deve ter mudado. Muito provavelmente as coisas que nos uniam não nos unem mais. A gente não deve ter as mesmas afinidades. A gente já não as tinha em demasia. Eu não sei como você está, eu não tenho a mínima idéia, a gente nem se fala mais, salvo uma banalidade ou outra como a da semana passada que me fez relembrar que você existia na minha vida e me voltou com essas saudades arrebatadoras de você. Saudades essas que voltam hoje, quinta feira, frio, eu sozinho em casa e me fazem desejar você com todas as minhas forças. Mas é só desejo, é só saudade. Parece amor, parece mesmo. Parece que ainda te amo, mas não pode ser.

A gente está longe há muito tempo. O que eu tenho é uma idealização de você. Eu estou sozinho desde então. O mais próximo de estar junto que vem na minha memória é você. Minha namorada mais importante, a personificação do amor. Eu não tenho outras personificações. Eu estou sozinho, e sendo você o único amor que conheci, eu só posso desejar você.

Mas você não é mais possível, eu enxergo isso. Se nós tivéssemos mesmo que ficar juntos, nós já o teríamos feito. Nesses dias mais embriagados de saudade eu fiquei pensando que a gente terminou por criancice e que a gente poderia estar junto até hoje. Não, a gente não poderia. Todos os namoros terminam em algum motivo idiota. Mas não terminam por causa daquilo. Terminam porque já tinha alguma coisa errada antes e aquilo foi só a gota d’água. A gente só terminou como todos os casais. Com um estopim pequeno, mas o estrago já estava feito.

Hoje eu pensei em ligar pra você e falar todas essas coisas. E dizer que eu ainda te amo e que eu queria estar com você nessa maldita quinta feira fria. Mas depois de pensar bem, simplesmente não vale a pena. Se eu ainda gostasse mesmo de você eu já teria feito isso alguma vez. Eu não teria deixado a nossa conversa de semana passada ser simplesmente aquela coisa banal de “meus primos comentaram de você ontem”. Alguma coisa floresceu, sim. Talvez saudades, talvez até um pouco de amor. Mas no fim não vai passar de um surto de quinta feira a tarde que aconteceu por eu estar sozinho e precisando de alguém. Mas já faz dois anos e esse alguém que eu espero que seja você não deve nem existir mais. É uma idealização da minha memória que só guarda os momentos bons da nossa relação e espera que eles se repitam. Isso é impossível. Dois anos depois nós já nos distanciamos demais pra querermos ser um só. Pra que eu queira que nós sejamos um só. Porque sobre você... Sobre você eu não sei mais nada. E o que eu penso saber pode ter mudado muito. Deve ter mudado. Assim como eu mudei.

Eu fico com as saudades bonitas de uma quinta feira a tarde. Me embriago de você por mais uns dias e depois sigo em frente. Esperando o dia em que você não passe de uma lembrança em quintas feiras a tarde quando eu me sentir sozinho. Talvez nem isso. Talvez você já seja só isso.

Saudades são bonitas. Mas eu preciso seguir em frente.
Viver de passado é anular o presente e comprometer o futuro.

E isso, meu velho amor, eu não quero. E não posso.

Amores não morrem nem são esquecidos.
Eles simplesmente adormecem em algum cantinho escondido da alma
Às vezes eles despertam, as vezes choram com medo de voltar...
Os que não fazem parte das lembranças não eram amores...
Um dia lembrarei de você sem chorar, sem sentir dor.
Apenas com a nostalgia gostosa de um tempo que não volta mais
Com um sorriso, e você ficará guardada na parte de pessoas importantes no arquivo da memória...
Nos amores adormecidos, talvez.


Ps. isso não é auto biográfico.
Ps2. nem recente.
ps3. mania boba de me explicar.

Um comentário:

Mr. Menestrel disse...

Ma-mas você por aqui?