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1.5.08

Tudo sobre nada;

[ marcadores para essa postagem: exemplo, patinete, férias, outono. É, blogger, ótimos exemplos. Idiotices que te alegram a madrugada =) ]

Não estou fazendo questão de fazer sentido nenhum nesse texto. Eu nunca faço sentido algum, que eu saiba. Eu sou um emaranhado de coisas que eu mesma faço o maior esforço pra entender e ainda sim não entendo. É como essa vírgula que eu acabei de apagar porque coloquei entre o "e" e o "ainda" na frase anterior. Todo mundo sabe que não se separa o conectivo com vírgula - o word vive me dizendo isso - e mesmo assim eu teimo em fazer.

Eu teimo em repetir os mesmos erros, usar as mesmas roupas e dizer as mesmas frases. Eu teimo em estar acordada as duas horas da manhã sem nenhuma conversa interessante, sem nenhum pensamento que realmente me valha a pena e a música nos meus ouvidos é algo que me lembra coisas que eu nem sei o que são. Eu teimo em querer mudar o mundo, em me irritar com idiotices e rir com coisa séria. Eu teimo com coisas que eu sei que não valem a pena e que nunca darão certo.

É como essas coisas que eu estou escrevendo. Eu não sei pra onde me levam as palavras. Eu nunca sei. É que de repente você começa a digitar freneticamente na busca em que sua mente se cole no papel de algum modo. Digitar e papel não combinam. Digitar se faz na tela e no papel se escreve. Mas eu sou isso, essa junção esquisita entre modernidade e arcadismo. Eu tenho uma mente falsamente aberta lotada de preconceitos bobos como qualquer um. Eu adoro toda a tecnologia e mesmo assim não sei ler livros em uma tela, e nem mesmo penso em não me casar. É verdade, eu não penso nisso.

Eu não me enxergo daqui há 10 anos uma mulher super bem sucedida e sozinha. Eu sonho em ter uma família e mais um par de pieguices. Eu penso em um amor desses que me valem os dias todos e mais um pouco deles. Alguem pra me esperar nos meus dias difíceis e algum abraço nesses dias friorentos. Eu sou cafona. Eu só tenho esse cabelo curto muito mal arrumado e só pareço não me preocupar com nada. Eu pareço um monte de coisas. Ser mesmo é outra instância que eu nem sei onde está.

Talvez sejam essas dúvidas idiotas. Talvez seja isso que acaba de tocar nos meus ouvidos " o tempo vem trazendo algumas marcas, na rua e no meu coração". Eu já tenho quase vinte anos... dá pra acreditar nisso? Eu pareço uma criança com medo de tudo. Completamente inconsequente. E ao mesmo tempo pareço tão estranhamente madura. Eu fico cuidando do mundo por aí. Das pessoas, das ocupações... Tudo isso enquanto minha vida é um emaranhado de coisas sem sentido, refletindo muito bem o que eu sou.

Eu sou um monte de gavetas desarrumadas que eu nem penso em mexer. E lá estou eu sendo auto biográfica em pleno feriado, as duas e doze da manhã porque eu estou com preguiça de dormir. Eu podia tentar escrever em terceira pessoa e dizer que " Júlia é uma garota indecisa que possui uma vida que não entende muito bem e por isso resolveu botar tudo isso no papel." Tudo bem, mas estou com preguiça. Eu preferi me expor mesmo, colocar-me aqui, primeira pessoa do singular: Eu.

Eu hoje etou estranha, eu hoje não me entendo. Eu hoje estou as duas horas e pouco da manhã tentando botar em tela tudo o que está dentro de mim e não consigo. Outrora isso me daria um texto bem escrito, mas hoje não. Hoje chove lá fora, meus cabelos estã fora do prumo, minha mente também, eu estou sozinha no meu computador e eu quero mais é que eu não pense mais.

Um desejo? as coisas mais simples do mundo.
Tipo a tarde de hoje. Com chuva e tudo mais.
No mais eu nem tenho muito o que dizer. Eu nunca tenho, pra dizer a verdade. Eu só gosto de me expor. Aí ninguém precisa me perguntar sobre o que realmente importa.
Falar sobre o que realmente importa nunca é considerado importante.

Na verdade foram parágrafos falando sobre coisas desimportantes. O que é importante eu ainda escondo. Eu sei o que vem a ser eu, mas mostrar é algo que ainda não me interessa.
Pelo menos não agora, não as duas e trinta e um da manhã enquanto eu estou horrivelmente mau-humorada e pensando em coisas que não vem ao caso.

Eu termino um emaranhado de linhas sem sentido nem nexo. Algumas coisas sobre mim, minhas superficialidades supostamente profundas. Meus segredos que todo mundo já sabe.

Mas o que é importante eu escondo. Escondo porque sou uma covarde que se mostra por pura falta de coragem de se mostrar por completo. Ou medo que os outros a descubram.

Quando a gente conta primeiro as pessoas não especulam.
E é por isso que eu me conto.

Eu tenho muito medo de não ser um mistério.
Trasparência é assustadora.

Um comentário:

Fernando César disse...

Um emaranhado representa a realidade, sempre citamos [eu e meus amigos] "o logos representa a realidade", exatamente por a razão ser fruto dela, [por isso um computador funciona tão bem, e quando há erro, é o emaranhado que não representava a realidade].
O mistério é devido ao emaranhado, o que nos instiga a criar modelos, a simplificar, a transparecer a realidade, talvez meu maior medo seja de existir tão claramente que minha própria existência seja imperceptível, mas a beleza da simplicidade é apolínea, pois é a beleza do real, da razão, do logos! Porém os homens preferem a dionisíaca, evidentemente pela questão do ‘carpe diem’... em que os sentidos são sempre super-valorizado ao invés da verdade, encontra-se nisso a resposta desse medo, onde a alucinante quimera é agradável ao sentidos, a total percepção da realidade através da verdade plena não nos faz gozar, entretanto nos encanta muito mais do que qualquer sensação, mas é preciso ter olhos para isso, assim como é preciso ter inteligência para entender uma teoria, que explica a realidade através de um modelo.
Hoje crio esses modelos para tudo, e me encanto por aquilo, alias, nos apaixonamos pelos nossos modelos, e nos enfadamos com o emaranhado que é desvendado.
A superficialidade sempre é a dionisíaca. Eu quero a beleza apolínea! Mas devo confessar que aquilo que me cativa facilmente é uma sensação, porém o que me encanta é uma verdade, um emaranhado desvendado.

estejas bem Larissa, agradaram-me seus textos, de forma dionisíaca e apolínea =p.