XXI
No bar finjo não sentir a sua ausência
enquanto conto os capítulos da novela.
Não faço silêncio,
evito o banheiro.
Todos se calam e eu vejo a rua onde você me rodopiou.
Hoje nenhum taxi me leva para a sua casa.
Eu quero chorar, mas continuo tomando cerveja.
XXII
Te escrevo dez parágrafos
e não consigo dizer o que sinto.
(eu nunca quis te abandonar)
XXIII
Você não me atende mais.
Já não há nenhum alívio nisso.
No dia do show da minha vida, vomito.
XXIV
Meu grito no show é histeria forçada.
Finjo que é emoção, e choro por sua causa.
XXV
Vou embora sem dizer adeus.
Abandono a cidade e percebo que não queria te deixar
Sem antes te dizer,
Tudo isso
(que eu nem sei).
XXVI
Choro no meu quarto.
não sinto fome
não sinto frio
não sinto vontade de sair
só sinto enjoo
e a sua falta.
XXVII
Dizem que o estômago é o órgão da culpa.
XVIII
Te ligo e não sei te dizer
tudo isso
(que eu ainda não sei).
XXIX
Evito notícias nas redes sociais.
Não quero te sufocar com a minha presença
inadequada
Perco peso
a fome
a palavra
você
Atualizo o status para um relacionamento sério
com a minha culpa
(e a vontade de mudar).
XXX
Sete dias da semana pareceram
trinta dias de eterno silêncio
os silêncio das notificações que não chegarão
o silêncio da minha voz
que não sabe o que dizer
da minha alma
que erra na hora de sentir
o silêncio do meu orgulho.
Leio sobre as manchas que não saíram,
da sua fronha azul.
Choro as manchas piores
que eu deixei em você
e que abriram em mim.
Tem manchas que não saem,
com alvejante.
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